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Médica geneticista escreve sobre diversidade e inclusão para crianças

Geneticista cria o gafanhoto rosa, que se acha feio por sua coloração

Por Daniel Vila Nova
Atualização:

“Não é só chamar para a festa, tem que convidar para dançar.” A frase, um bordão que costuma ser repetido quando o assunto é inclusão, ganhou vida nas páginas do livro infantil Pascoal na Festa Sem Igual. Escrito pela médica geneticista Michele Migliavacca e ilustrado por Dani Dias, a obra narra a história de um gafanhoto cor-de-rosa que se acha feio por conta de sua coloração. É só após ser convidado para uma festa onde todos são diferentes que o gafanhoto começa a entender o seu próprio valor e a importância da diversidade e da inclusão. 

A médica Michele Migliavacca é autora do livro infantil 'Pascoal na Festa Sem Igual', que fala sobre diversidade e inclusão para crianças. Foto: Felipe Rau/Estadão

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A ideia do livro, lançado pela editora Moura SA, surgiu quando Michele se deparou com seu filho extremamente irritado com um colega de classe. O amigo havia quebrado um brinquedo dele. O que o filho de Michele não entendia era que seu colega era autista e por isso agia de forma diferente. “Fiquei pensando: como é que eu vou conversar com ele sobre esse assunto?”, revela a geneticista. 

A dúvida da médica não era nova, lidar com a diferença faz parte do seu trabalho. Na clínica de genética onde atua, Michele lida com diversos casos de doenças raras, especialmente em crianças. Muitas dessas condições são acompanhadas por malformações corporais, o que leva os pacientes a sofrerem preconceito pela forma com que se parecem. O estranhamento, no entanto, vem do desconhecimento. Para vencer essa barreira, a doutora decidiu encontrar a resposta para as dúvidas do filho no mundo lúdico da literatura. 

Quando a gente entende o diferente, ele não é mais desconhecido. Assim, é possível ensinar que toda pessoa é diferente, mas que todas elas têm seu valor

Michele Migliavacca, médica geneticista, autora de 'Pascoal na Festa Sem Igual'

No começo da pandemia, quando descobriu uma situação de bullying na escola do filho, a geneticista escreveu seu primeiro livro infantil, Tantão, o Touro Mandão. A narrativa conta a história de um touro valentão e sua raiva, seus medos e suas inseguranças. Ao perceber que a diferença era um novo tema a ser explorado, Michele começou a escrever a jornada de Pascoal. A coloração rosa do grilo é inspirada em um fenômeno real da natureza. “É uma alteração genética, uma mutação rara dentro da população dos grilos”, explica. 

Cor

A coloração de Pascoal, por mais diferente que seja dos demais gafanhotos, se torna motivo de celebração e orgulho para o grilo ao longo do livro. A diferença é celebrada. “Muitas vezes nos deparamos com assuntos que são complexos até para quem é adulto. Como conversar com uma criança sobre?”, questiona a médica. Ela encontrou nos livros uma ferramenta para traduzir assuntos complexos de forma simples e lúdica para crianças. “Quando a gente entende o diferente, ele não é mais desconhecido. Assim, é possível ensinar que toda pessoa é diferente, mas que todas elas têm seu valor”, afirma a autora. 

Além da mensagem de inclusão e diversidade, parte do valor das vendas do livro será revertido para a ONG Jardim das Borboletas, que lida com crianças diagnosticadas com Epidermólise Bolhosa, doença rara que gera bolhas e feridas na pele.

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