Livro tenta responder se Google pode cumprir lema 'não seja mal'

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Por DAVID LAWSKY
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No momento em que o Google completa os dez primeiros anos de seu plano de organizar todas as informações do mundo em 300 anos, será que suas ambições serão compatíveis com seu lema famoso, "não seja malvado?". É essa a pergunta que Randall Stross procura responder no livro "Planet Google: One Company's Audacious Plan to Organize Everything We Know" (Planeta Google: o plano audacioso de uma empresa de organizar tudo o que sabemos). A ousadia inteligente do Google fez a empresa superar o rival Yahoo, convertendo-se no motor de buscas mais usado no mundo. Seu toque de gênio foi descobrir como ganhar dinheiro com esse sucesso: direcionando anúncios baseados nas buscas feitas pelo usuário. "O próprio ato de inserir um termo numa busca fornece informações precisas sobre o que está ocupando a cabeça do usuário no momento, e isso permite que se adivinhe com alto grau de acerto qual será o interesse provável do usuário no produto de um anunciante", escreve Stross, colunista de tecnologia e professor de administração de empresas na San Jose State University. Os anúncios direcionados ajudaram a fazer o Google chegar a seu pico histórico de avaliação, em novembro de 2007, de 225 bilhões de dólares, superando por algum tempo nomes consolidados da indústria tecnológica como IBM e Cisco Systems. Outro sucesso do Google é o Gmail, que deu a seus usuários uma quantidade inusitada de espaço de armazenamento de e-mails, em troca do direito de lhes enviar anúncios adaptados sob medida ao conteúdo de suas caixas de correio. E a empresa desafiou a Microsoft com seu conceito de "computação de nuvens", em que o Google oferece programas simples de processamento de textos, planilhas e navegador na Internet, em troca do direito de abrigar todos os documentos e dados do usuário. Apesar de todo seu sucesso, porém, diz Stross, o Google cometeu alguns enganos. Assim como a Microsoft viu o Google tomar conta do negócio lucrativo dos motores de busca, o Google permitiu que a Facebook tomasse conta do setor de redes sociais. O Google nunca aperfeiçoou seu serviço de videoclipes e acabou pagando 1,65 bilhão de dólares para adquirir o YouTube, no qual ainda está tendo dificuldade em vender anúncios e obter lucros. A empresa sofreu um revés grande quando se propôs a scanear os 32 milhões de livros do mundo, o que a levou a virar alvo de um processo judicial por quebra de direitos autorais. Stross recorda também a ira do co-fundador da Google, Eric Schmidt, quando a CNET divulgou informações pessoais a seu respeito que descobriu numa busca feita no Google. A empresa disse que deixaria de cooperar com jornalistas da CNET por um ano, mas acabou cedendo um mês depois. O livro de Stross, que chega às livrarias três anos depois de a história inicial da empresa ser relatada em "A Busca", de John Battelle, termina analisando a declaração de Schmidt de que o Google vai organizar as informações do mundo todo em 300 anos. "Os primeiros dez anos da Google organizando as informações do mundo já a levaram por uma distância considerável", disse ele. "Talvez a empresa não precise de outros 290 anos para completar sua missão."

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