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Livro procura desmistificar as dores do trânsito nos EUA

Por DEBORAH JIAN LEE
Atualização:

O escritor Tom Vanderbilt costumava conduzir seu carro de maneira tranquila, até um dia em que, em uma rodovia de Nova Jersey, ele passou em alta velocidade pelos carros que seguiam lentamente em sua faixa. Ignorando a cara feia dos outros motoristas, ele cortou os outros carros e percebeu que sua iniciativa agressiva lhe poupara tempo. Ele então começou a pensar em escrever outro livro. "Minha mulher ficou chateada com o que eu fiz", contou Vanderbilt. Ele fez algumas pesquisas, descobriu os benefícios de "costurar" em rodovias e teve a idéia para seu livro mais recente, "Trânsito -- por que dirigimos como dirigimos (e o que isso diz a nosso respeito)", lançado nos Estados Unidos neste mês pela Alfred A. Knopf. O livro é baseado em três anos de pesquisas com trânsito e explora os padrões, a etiqueta, os mitos e as idiossincrasias do trânsito. De acordo com Vanderbilt, o anonimato dos carros está na raiz de muitos problemas do trânsito. "Você pode ser um perfeito cavalheiro em casa e aterrorizar as pessoas a caminho do trabalho", disse o autor, dizendo que essa mudança na personalidade é moderada pela comunicação, quer seja uma buzinada ou um gesto ousado com as mãos. As descobertas de Vanderbilt revelam até que ponto o medo e os estereótipos influem sobre a tomada de decisões. Por exemplo, ele descobriu que os homens buzinam mais que as mulheres, e que homens e mulheres buzinam mais contra mulheres. "Há um elemento de medo em ação", disse ele. "Tendo a não buzinar para um Cadillac grande com vidros escurecidos e que aparenta ter cinco passageiros. Mas, se for uma velhinha dirigindo um Honda..." O autor disse que alguns comportamentos dos motoristas estão mudando em função dos altos preços da gasolina. "As pessoas estão andando menos de carro. Estamos vendo alguma redução de velocidade", disse ele. Em última análise, porém, o trânsito não vai desaparecer, os engarrafamentos vão continuar a existir, motoristas impacientes vão abrir caminho em meio a tudo e acidentes ainda vão acontecer. Vanderbilt sugere que poderíamos aprender algo com as formigas, que andam em trilhas, seguem um conjunto bem definido de regras e movimentam-se em faixas, como se estivessem em uma rodovia. Elas se comunicam -- talvez não com buzinadas ou gestos obscenos -- e cooperam como comunidade, disse ele. E a diferença entre o trânsito delas e o nosso é que o delas costuma funcionar sem qualquer problema.

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