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Jane Duboc narra textos que criou para o espetáculo ‘Ilustre Criança’

'Falamos sobre sustentabilidade, o luto, escolhas da vida e bullying, coisas pertinentes no crescimento, na primeira infância de forma bem lúdica', conta ela ao Estadão

Por Eliana Silva de Souza
Atualização:

Não é de hoje que Jane Duboc, de 70 anos, direciona seu talento para o público infantil, brindando os pequenos não apenas com músicas, mas com livros e espetáculos teatrais. Sem perder o foco na criançada, a cantora paraense soube usar o momento da pandemia, que obrigou o mundo a se isolar em casa, e criou o espetáculo Ilustre Criança – Desenhando a Canção com Jane Duboc, que ganha apresentações neste sábado e domingo, às 15h e 16h30, com transmissão gratuita pelo canal Mesa 2 Produções no YouTube (bit.ly/2RT9emd) ou pela plataforma Zoom.

A cantora Jane Duboc Foto: Murilo Alvesso

Com participação do ilustrador Alexandre De Nadal e do músico Junior Lobbo, a avó de Taylor, de 10 anos, revela ser uma boa contadora de histórias, uma outra faceta da artista, que em sua juventude também foi esportista, chegando a dar nome a um prêmio que incentiva a área, em Belém. Nesse trabalho mais recente, Jane se conecta diretamente com as crianças, na faixa de 2 a 8 anos, com histórias que abordam temas importantes para as pessoas. “Falamos sobre sustentabilidade, o luto, a gente fala também sobre escolhas da vida e sobre bullying, coisas pertinentes no crescimento, na primeira infância de forma bem lúdica, calma e nada muito ‘querendo ensinar alguma coisa não’. A mensagem passa de uma forma bem sutil”, afirma a cantora. Ao dar início a esse tipo de espetáculo, em formato online, Jane Duboc revela essa faceta de narradora, mas que sabe usar muito bem a voz para interpretar algumas canções. Segundo ela, este é um trabalho de grupo, com três pessoas envolvidas diretamente na realização. “Eu mesma narrando e às vezes cantando, o Junior Lobbo que é músico e sonoplasta e o Alexandre De Nadal, desenhista e ilustrador, já trabalharam anteriormente comigo”, conta.  A atração busca também a participação do público, convidando os pequeno à interação, cantando ou se inspirando para fazer um desenho.  Além de apresentar essas histórias, que têm como temática a preservação ambiental e a inclusão social, a cantora revela a preocupação em levar algo criativo e relevante para divertir e educar, principalmente neste momento de pandemia, com todos precisando manter o distanciamento social. “Reunimos uma equipe que acredita no abraço virtual”, diz Jane, que evidencia a preocupação com o que está acontecendo no mundo, e ressalta ainda que este espetáculo “vem numa hora bem apropriada, em que a criançada está com muitas limitações”.  Para entreter os pequenos, e a família como um todo, Jane e sua turma contam quatro histórias. Tem O Macaco Baterista, que mostra uma família diferente, com uma gatinha cantora, uma lagartixa que toca harpa e o tal macaco baterista. Em Ele Infante, um enorme elefante tem sua vida mudada ao descobrir as cores e as flores. Outra história é Lolita Mouraria, que mostra uma cachorrinha cantora, fã de Amália Rodrigues, que consegue mudar o mundo à sua volta com seu olhar sensível. Finalmente, Berenice Hip Hop conta como uma hipopótamo que descobre seu lugar no palco, depois de muitas quedas em suas aulas de balé. A autora explica que, para escrever para o público da primeira infância, busca inspiração nas próprias crianças e em seu convívio com elas, no que percebe e capta dessa relação. “Sempre tive muitas crianças ao meu redor em todos os prédios que morei, a criançada escolhia (risos) meu apartamento para ser o parque do recreio”, afirma Jane, mostrando sua satisfação em falar sobre isso. E foi desse contato intenso com os pequenos que aflorou nela o gosto pela contação de histórias e de escrever livros para eles. Mas o gosto pelas letras vem mesmo do exemplo dentro de casa. Jane lembra que seu pai, Hilmo Moreira, promovia encontro de escolas, com poesia, e que, durante algumas viagens, ele parava num lugar bonito e saía declamando suas poesias.  “Todos os amigos que eram poetas viviam lá em casa, e a minha varanda tinha Jasen Filho, Pignatari (Décio), tinha Câmara Cascudo (Luís Câmara Cascudo), que era folclorista em Natal, no Rio Grande do Norte”, conta Jane, orgulhosa por convividos com expoentes da literatura. “A gente ficava encantado ouvindo aquele mundo de fantasia de pessoas, que amavam as letras de uma forma simples, e eu cresci com várias coleções de contos de Grimm, Monteiro Lobato, toda a coleção do Tesouro da Juventude e todas as tardes a gente lia na varanda, na rede com conto ou alguma história. Eu cresci assim” (risos). Por isso mesmo, faz questão de destacar a importância da leitura na vida das pessoas. “Ler e ouvir uma história é sempre importante. Você tem que estar sempre fazendo a sua imaginação voar, imaginar”, diz.  Conhecida por sua bem-sucedida trajetória musical, como cantora e compositora, Jane Duboc está prestes a completar 50 anos de carreira, que ela foi ampliando e extrapolando o universo da canção, passando pela literatura adulta e infantil. E é isso que ela mostra nesse espetáculo, sua conexão com as letras e o mundo da imaginação, que captura a atenção da molecada. Na música, trilhou um caminho marcado por gravações autorais e participação no trabalho dos mais variados artistas. Dentre essas tantas, certamente sua interpretação da música O Girassol, de Vinícius de Moraes e Toquinho, para o especial de TV Arca de Noé 2, nos anos 1980, marcou uma geração e segue conquistando o público.

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