06 de novembro de 2019 | 18h05
É com bom humor que o escritor Ignácio de Loyola Brandão conta como decidiu se candidatar à Academia Brasileira de Letras (ABL). “Nunca pensei em fazer parte até a noite que pensei”, brinca. A declaração foi feita durante entrevista à TV Estadão nesta quarta-feira, 6, quando o escritor também recebeu uma homenagem surpresa e ao vivo da equipe do Caderno 2, onde assina sua coluna há 26 anos.
Aos 83 anos, Ignácio de Loyola toma posse na Academia Brasileira de Letras cheio de planos
Eleito por unanimidade, o mais recente imortal da ABL conta que o sonho começou quando recebeu das mãos de Eduardo Portela, em 2016, não só o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto da obra, mas também o incentivo de que, caso fosse candidato, já teria um voto.
“Pensei: por que não?”, relembra. Aos 83 anos e com 45 livros publicados no currículo, ele revela ter ficado receoso no início do processo, mas que foi encontrando pontos de apoio entre ele e os membros da academia para justificar o voto de cada um. “Minha geração sempre quis ser transgressora. Deixando a academia de lado”, afirma. Modesto, ainda que colecione obras e prêmios, o escritor temia ter votos contrários. “Mas eu sou catastrófico”, justifica, ao dizer que preferia pensar assim para não se iludir.
Também vencedor do Prêmio Juca Pato 2019, como o intelectual do ano, Brandão tomou posse na Academia no último dia 14 de março deste ano, quando substituiu o sociólogo Hélio Jaguaribe, que morreu em 2018. Agora ele assume a cadeira 11 da academia, cujo patrono é Fagundes Varela e que teve como fundador Lucio de Mendonça.
Além da atual agenda que já inclui dezenas de viagens pelo País - só nas próximas semanas, Brandão tem passagem confirmada em Campinas, São Carlos e Manaus -, ele conta que após entrar para a categoria dos escritores imortais, ao menos uma vez por mês precisa estar presente em uma das sessões na sede da Academia, no Rio de Janeiro.
Ignácio de Loyola Brandão é autor de obras emblemáticas como Zero (1975) e Não Verás País Nenhum (1981) e cronista do Estado desde 1993. Os textos que Loyola Brandão publicou no jornal deram origem a alguns de seus livros, entre os quais Se For Para Chorar, Que Seja de Alegria (2016) e O Mel de Ocara - Ler, Viajar, Comer (2015). Seu romance mais recente, de 2018, é o distópico Desta Terra Nada Vai Sobrar, a Não Ser o Vento Que Sopra Sobre Ela.
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