Gore Vidal, escritor iconoclasta americano, morre aos 86 anos

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Por BILL TROTT E BOB TOURTELLOTTE
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O escritor Gore Vidal, que encheu seus romances e ensaios com observações agudas sobre política, sexo e cultura nos Estados Unidos, e que travou duras disputas com rivais literários de alto nível, morreu na terça-feira na sua casa, em Los Angeles, em decorrência de complicações de uma pneumonia. Ele tinha 86 anos. O legado literário de Vidal inclui uma série de romances históricos - "Burr", "1876", "Lincoln" e "Era Dourada" --e também a grotesca comédia sexual de "Myra Breckinridge". Vidal começou a escrever aos 19 anos, quando servia como soldado no Alasca e usou suas experiências da Segunda Guerra Mundial como base para "Williwaw". Seu terceiro livro, "A Cidade e o Pilar", causou sensação em 1948, por ter um homossexual assumido como protagonista. Ao confirmar sua morte, o site oficial do escritor publicou duas fotos dele, uma como jovem primeiro-sargento durante a Segunda Guerra Mundial, e a outra como o iconoclasta escritor que ele se tornaria. Cáustico e ególatra na mesma proporção em que era elegante e brilhante, Vidal conviveu com alguns dos grandes escritores da sua época, e também bateu cabeça com vários deles. Considerava Ernest Hemingway uma piada, e comparava Truman Capote a um "animal imundo que conseguiu entrar na casa". Mas seus maiores inimigos literários foram o guru conservador William F. Buckley Jr. e o romancista Norman Mailer, a quem Vidal certa vez comparou ao assassino fanático Charles Manson. Mailer deu uma cabeçada em Vidal antes de uma aparição televisiva, e em outra ocasião o atirou no chão. Com Buckley, o bate-boca chegou a ser transmitido ao vivo para todo o país, quando ambos comentavam a Convenção Nacional Democrata de 1968. Vidal acusou Buckley de ser um "pró-criptonazista", e Buckley chamou Vidal de "queer" (algo como "bicha louca") e ameaçou socá-lo. Vidal nunca pareceu fazer questão de controlar seu abundante ego. Numa entrevista de 2008 à revista Esquire, Vidal disse que as pessoas sempre ficaram impressionadas por ele ter conhecido tanta gente famosa, de Jacqueline Kennedy a William Burroughs. "As pessoas sempre colocam essa frase ao contrário", disse ele. "Quer dizer: por que não colocar da forma verdadeira: que essas pessoas vieram a me conhecer, e queriam isso?"

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