Gilberto Gil é eleito para a Academia Brasileira de Letras

Cantor e compositor concorreu com os escritores Salgado Maranhão e Ricardo Daunt

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Por André Cáceres
Atualização:

O cantor, compositor e ex-ministro da Cultura Gilberto Gil foi eleito aos 79 anos para a Academia Brasileira de Letras nesta quinta-feira, 11. Ele passará a ocupar a cadeira 20, que ficou vaga após a morte do advogado, escritor e jornalista Murilo Melo Filho, em maio de 2020. Gil concorreu com os escritores Salgado Maranhão e Ricardo Daunt.

O cantor e compositor Gilberto Gil Foto: Fernando Young

O soteropolitano Gilberto Gil passou a infância em Ituaçu, no interior da Bahia, onde o pai exercia a medicina, mas começou de fato sua carreira artística em Salvador. Lá, ele se apresentava em escolas e clubes, chegou a compor jingles e escrevendo músicas para outros grupos. 

Apresentação de Gilberto Gil no Rock in Rio, na cidade do Rio de Janeiro, em 1985 Foto: Acervo AE

O sucesso que se seguiria ainda não era certo para o jovem, então ele dividia seu tempo entre os estudos e a música. Em 1965, formou-se em administração na UFBA e chegou a participar de um programa de trainee na multinacional Gessy Lever, atualmente conhecida como Unilever.

Caetano Veloso e Gilberto Gil durante show em Tel Aviv, Israel Foto: AP

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Na época, porém, Gil já conhecia parceiros que levaria para o resto da vida, como Caetano Veloso, Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Gal Costa, Maria Bethânia, Nana Caymmi e Elis Regina. Ainda nos anos 1960, ele abandonaria a carreira de administrador de empresas e lançaria seu Procissão, seu primeiro single oficial. 

A partir daí, sua trajetória artística apenas ascenderia: Gil foi um dos criadores do movimento tropicalista, tornou-se uma das vozes mais marcantes da música popular brasileira, virou símbolo de resistência contra a ditadura militar, exilou-se do Brasil, fez um retorno triunfal e ganhou prêmios como o Grammy e o Grammy Latino.

Gilberto Gil e Nana Caymmi, na época sua esposa, durante entrevista em 1968 Foto: Arquivo/AE

Entre álbuns de estúdio, discos gravados ao vivo e compilações, Gil soma mais de 50 CDs lançados, com grandes clássicos da MPB como Tropicalia ou Panis et Circensis, Refazenda, Expresso 2222, Refavela e Realce. Seu mais recente trabalho de inéditas é OK OK OK, de 2018.

Fora dos palcos, Gil também se notabilizou na política. Foi vereador de Salvador entre 1989 e 1992 pelo então PMDB e ministro da Cultura do governo Lula entre 2003 e 2008 pelo PV, partido ao qual é filiado até hoje. Em 1999, foi nomeado pela Unesco como Artista pela Paz. No âmbito da ONU, foi embaixador para agricultura e alimentação. Além de ter sido um dos principais defensores da livre circulação de informação na internet.

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Gilberto Gil e sua filha Mara durante show do Álbum Brasil em 1979 Foto: Arquivo/AE

Gil foi eleito para a ABL pouco tempo depois da atriz Fernanda Montenegro e, assim como ela, não tem a escrita literária como sua principal atividade. No entanto, é coautor de alguns livros, como Gilberto Bem Perto, com Regina Zappa, Cultura pela Palavra, com Juca Ferreira, Disposições Amoráveis, com Ana de Oliveira, e O Poético e o Político e Outros Escritos, com Antonio Risério. Além disso, ele tem poemas e letras reunidas em outros livros.

Os demais candidatos para a vaga agora ocupada por Gil eram o poeta maranhense Salgado Maranhão, autor de 12 livros e compositor de músicas de nomes como Ney Matogrosso, Paulinho da Viola e Elba Ramalho; e o escritor e crítico literário Ricardo Daunt.

Gil se tornou o segundo imortal negro da formação atual da ABL, ao lado de Domício Proença Filho, entre os 40 atuais integrantes da instituição.

Em 1968, sob o comando de Caetano Veloso e Gilberto Gil, a TV Tupi estreia o programa 'Divino Maravilhoso' Foto: Arquivo/AE
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