Ferreira Gullar deixa uma obra-prima: 'Poema Sujo'
Escritor morreu neste domingo, 4, aos 86 anos
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Por Ubiratan Brasil
Atualização:
Ferreira Gullar não foi apenas poeta, mas também criador de cordel, crítico literário e de artes, dramaturgo. Mas, se apenas tivesse escrito Poema Sujo, já teria um lugar garantido entre os grandes escritores brasileiros.Escrito em 1975, quando o poeta amargurava um terrível exílio político em Buenos Aires, Poema Sujo é um canto desesperado pela liberdade. Também uma espécie de testamento pois, incomodado por militares de cada país onde estava, Gullar sentia-se solitário e acuado.* Morre Ferreira Gullar, aos 86 anos A distância provoca-lhe uma dor forte, capaz de tornar turva a experiência do dia a dia. Apesar de colaborar com o Pasquim sob o pseudônimo de Frederico Marques, não consegue produzir com tranquilidade. Em uma rotina quase desesperada, entre a máquina de escrever e a vista da janela para a Avenida Honorio Pueryredon, na capital argentina, Gullar passou seis meses do ano de 1975 escrevendo o que imaginava ser a última obra de sua vida.
Poema Sujo foi o resultado desse mergulho interior e chegou ao Brasil por meio de uma gravação feita por Vinícius de Morais. A densidade da obra despertou uma onda de admiração até chegar ao editor Ênio Silveira, na época à frente da Civilização Brasileira, que o publicou. O lançamento, mesmo não contando com a presença de Gullar, reuniu diversos intelectuais brasileiros.
Ferreira Gullar: bibliografia com livros, romances e ensaios do poeta
1 / 37Ferreira Gullar: bibliografia com livros, romances e ensaios do poeta
Ferreira Gullar
Escritor, poeta e teatrólogo morreu neste domingo, 4, após ser internado no Hospital Copa D'Or, na zona sl do Rio de Janeiro. Veja, a seguir, algumas ... Foto: ReproduçãoMais
Bibliografia de Ferreira Gullar
'Um pouco acima do chão' (1949) Foto: Reprodução
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'A luta corporal' (1954) Foto: Reprodução
Bibliografia de Ferreira Gullar
'Poemas' (1958) – capa não encontrada Foto: Álbum de família
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'João Boa-Morte, cabra marcado para morrer' (1962) Foto: Reprodução
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'Quem matou Aparecida?' (1962) - capa não encontrada Foto: Reprodução
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'A luta corporal e novos poemas' (1966) Foto: Reprodução
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'Por você, por mim' (1968) – capa não encontrada Foto: Reprodução
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'Dentro da noite veloz' (1975) Foto: Reprodução
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'Poema sujo' (1976) Foto: Reprodução
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'Na vertigem do dia' (1980) Foto: Reprodução
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'Crime na flora ou ordem e progresso' (1986) Foto: Reprodução
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'Barulhos' (1987) Foto: Reprodução
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'Formigueiro' (1991) Foto: Reprodução
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'Muitas vozes' (1999) Foto: Reprodução
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'Em Alguma Parte Alguma' (2010) Foto: Reprodução
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'A estranha vida banal' (1989) Foto: Reprodução
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'Um gato chamado gatinho' (2000) Foto: Reprodução
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'O menino e o arco-íris' (2001) Foto: Reprodução
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'O rei que mora no mar' (2001) Foto: Reprodução
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'O touro encantado' (2003) Foto: Reprodução
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'Dr. Urubu e outras fábulas' (2005) Foto: Reprodução
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'Gamação' (1996) Foto: Reprodução
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'Cidades inventadas' (1997) Foto: Reprodução
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'Rabo de foguete' (1998) Foto: Reprodução
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'Nise da Silveira' (1996) Foto: Reprodução
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'Teoria do não-objeto' (1959) - capa não encontrada Foto: Wilton Júnior / Estadão
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'Cultura posta em questão' (1965) Foto: Reprodução
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'Vanguarda e subdesenvolvimento' (1969) Foto: Reprodução
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'Augusto dos Anjos ou morte e vida nordestina' (1976) - capa não encontrada Foto: Fábio Motta / Estadão
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'Uma Luz no Chão' (1978) – capa não encontrada Foto: Arquivo / AE
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'Sobre Arte' (1982) - capa não encontrada Foto: Álbum de família / Divulgação
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'Etapas da Arte Contemporânea: do Cubismo à Arte Neoconcreta' (1985) Foto: Reprodução
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'Indagações de Hoje' (1989) Foto: Reprodução
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'Argumentação Contra a Morte da Arte' (1993) Foto: Reprodução
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'Relâmpagos' (2003) Foto: Reprodução
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'Sobre Arte, sobre Poesia' (2006) - capa não encontrada Foto: Reprodução
Gullar atingia uma linguagem viva com Poema Sujo, considerado por Vinicius a mais importante obra poética brasileira já publicada. "Sujo" porque expressa um desabafo e expõe as vísceras em forma de poesia. "Eu vivia um momento particularmente difícil da minha vida, com meus filhos doentes e uma dor aguda pela separação forçada de meu país", disse ele, em entrevista ao Estado, em 2002. Gullar voltou ao Brasil em 1977, época em que foi preso pelo "crime" de suas ideias contrárias à ditadura militar. Sem se filiar a nenhuma escola literária, a poesia de Ferreira Gullar sempre avançou para todos os lados, testando experimentalismos e abandonando regras fixas. "Sempre busquei responder, na literatura, aos meus anseios", contou o poeta, que não se incomodava em rejeitar momentos de sua obra. Como quando adotou o estilo do cordel, em que buscava reproduzir a voz da sociedade. "Na edição portuguesa de minha obra completa, pedi que fossem retirados esses poemas, pois não os julgo importantes", contou.* Veja repercussão da morte do poeta Ferreira Gullar