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Faturamento com vendas de livros infantis nos EUA chega a US$ 1,7 bi em 2015

Série de publicações ilustradas de autores famosos chegará às livrarias nos próximos meses

Por Alexandra Alter
Atualização:

Numa leitura realizada recentemente em Manhattan, a romancista Jane Smiley, ganhadora de um Pulitzer, encontrou-se diante de um público inquieto enquanto apresentava o seu novo livro Twenty Yawns. Agitados, mexendo-se o tempo todo, os presentes berravam suas perguntas, ou se mostravam cada vez mais distraídos.

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Na maior parte de sua carreira, Smiley, 66, conseguiu evitar que seus leitores adormecessem. Com seu primeiro livro ilustrado, ela passou a pertencer ao grupo de romancistas famosos que tentam atingir leitores tão jovens que provavelmente se sentem mais atraídos pelos desenhos do que pela prosa.

Uma série de novos livros ilustrados de autores famosos chegará às livrarias nos próximos meses, inclusive uma coleção de poemas divertidos de Calvin Trillin e um livro de contos de fadas de horror, igualmente ilustrado, da misteriosa escritora italiana Elena Ferrante.

“Todos os anos, há autores de livros para adultos e celebridades que optam por escrever obras deste gênero, mas trata-se agora, essencialmente, de um grupo de grande calibre”, disse Megan Tingley, vice-presidente da editora Little, Brown.

A atual safra de livros ilustrados de autores literários chega ao mercado num momento em que a literatura infantil se tornou um nicho vibrante e frequentemente lucrativo para os romancistas. O faturamento obtido com as vendas de livros infantis chegou a US$ 1,7 bilhão em 2015, em comparação a US$ 1,5 bilhão em 2011, segundo a Associação de Editores Americanos, que analisa as vendas de mais de 1.200 editoras. As de livros para adultos permaneceram estagnadas.

Seguindo o enorme sucesso de séries como Crepúsculo e Harry Potter, um número cada vez maior de best-sellers migrou para o mercado florescente da ficção para crianças até os 12 anos e para jovens adultos, como James Patterson, John Grisham e Jennifer Weiner.

Livros ilustrados para crianças dos 3 aos 7 anos poderão representar a próxima fronteira para os autores que procuram expandir seu público.

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Alguns dos escritores mais destacados passaram a se dedicar a este público mais tardiamente em sua carreira, motivados em parte pelo desejo de publicar obras que seus netos pudessem apreciar. “Tentei ver as coisas do ponto de vista deles”, disse Trillin, que testou seus poemas com uma neta.

Outros veem sua arte como uma missão social. O poeta e romancista Sherman Alexie, que está lançando o seu primeiro livro ilustrado, Thunder Boy Jr., este mês, afirmou que queria escrever um livro deste gênero que tivesse como protagonista um índio americano – uma raridade na literatura infantil.

James Joyce, autor de algumas das obras mais famosas e impenetráveis da literatura inglesa, escreveu duas fábulas sobre gatos para seus netos. James Baldwin, John Updike e Kurt Vonnegut também escreveram livros para jovens leitores.

Ultimamente, têm havido sinais de que os livros ilustrados estão ingressando em uma nova idade de ouro. Os autores querem ampliar as fronteiras da forma com obras divertidas como The Book With No Pictures, de B.J. Novak, um livro sem ilustrações que se tornou um sucesso absoluto, com mais de um milhão de cópias impressas.

Outrora considerada uma categoria estagnada, a dos livros ilustrados para crianças constituiu cerca de 14% do mercado de literatura infantil em 2015, mas representou cerca de 40% dos 100 livros infantis mais vendidos – em comparação a 15% em 2005. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA

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