PUBLICIDADE

Ex-refém das Farc lança livro sobre seu cativeiro na selva

Clara Rojas, que concebeu e deu à luz seu filho Emmanuel na selva, lançou na segunda-feira o livro 'Cautiva'

Por LUIS JAIME ACOSTA
Atualização:

A ex-candidata à vice-presidência da Colômbia Clara Rojas, que concebeu e deu à luz seu filho Emmanuel na selva, lançou na segunda-feira o livro "Cautiva" (Cativa), em que relata as dificuldades que viveu durante os quase seis anos que passou em poder dos guerrilheiros das Farc. O livro é a sexta e mais recente publicação de ex-reféns das esquerdistas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o maior grupo rebelde desse país sul-americano há mais de quatro décadas fustigado por um conflito interno que deixa milhares de mortos todos os anos. Rojas, que foi sequestrada com a ex-candidata à presidência da Colômbia Ingrid Betancourt, faz uma narrativa horripilante da tragédia que viveu durante seu cativeiro, assim como das incertezas por que passou com a gravidez, a posterior separação de seu filho e o rompimento da amizade com a política franco-colombiana Betancourt. "Para mim, é uma história de ontem. Hoje resgato que estamos vivas, que estou viva, que posso estar aqui, compartilhando a vida com vocês, que hoje vivo na companhia de meu filho, que é a coisa mais valiosa", disse a advogada de 44 anos no lançamento de seu livro em Bogotá. Rojas admitiu que o fato de ela e a Betancourt terem decidido parar de se falar durante o período em que foram reféns, devido a pequenas divergências cotidianas, gerou uma distância enorme entre elas. Ingrid Betancourt se encontra na França no momento e anunciou a publicação de um livro para o próximo ano. SEGREDO GUARDADO Rojas, que no livro não revelou quem é o pai de seu filho, apesar das especulações que ainda circulam a esse respeito, disse que está disposta a perdoar seus companheiros de cativeiro que não tiveram o melhor comportamento possível com ela e também as Farc, que a sequestraram. "Estou no caminho (do perdão). Acho que já dei vários passos nesse sentido e sinto que estou no caminho certo. É claro que sou sincera: a gente não esquece as coisas de um dia para outro", declarou a advogada. "É um processo que vamos desenvolvendo dia a dia, de ir decantando as coisas e as superando. Mas quero chegar a isso, quero deixar para trás essas cicatrizes de alma do passado e quero começar hoje uma vida nova. Em parte, este livro me permite isso: ir fechando o capítulo do sequestro e pensar em coisas novas." Ela garantiu que não haverá um segundo livro sobre seu sequestro para revelar detalhes íntimos, como a identidade do pai de seu filho, e disse que só contará a verdade a Emmanuel, quando chegar o momento certo. "Ele é a luz da minha vida. No momento certo ele me perguntará, e no momento certo Deus me dará luz para lhe dar a resposta", concluiu Rojas, que pediu às Farc que libertem os reféns que ainda mantém sequestrados. A advogada fez parte de um grupo de reféns políticos que a guerrilha procurou trocar com o governo por membros do grupo guerrilheiro que estavam presos. Hoje só restam em poder das Farc 22 membros do exército e da polícia colombianos, cuja libertação os rebeldes procuram negociar com o governo em troca da soltura de guerrilheiros presos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.