Entrega de prêmio ao 'Charlie Hebdo' causa polêmica entre escritores nos EUA

Seis autores já disseram que não vão comparecer à entrega dos prêmios PEN de literatura, no dia 5 de maio, em Nova York

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Por Redação
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Seis membros do PEN American Center, responsável pela entrega dos prêmios PEN de literatura, não comparecerão à cerimônia por não estarem de acordo com a decisão de dar o prêmio de liberdade de expressão para a revista satírica Charlie Hebdo, vítima de um atentado em Paris que matou vários membros de sua equipe. Os escritores Peter Carey, Michael Ondaatje, Francine Prose, Teju Cole, Rachel Kushner e Taiye Selas cancelaram a participação no evento marcado para o dia 5 de maio, em Nova York, por considerarem que,independentemente da tragédia causada por um grupo islâmico radical, a revista representa “intolerância cultural” e “uma espécie de visão secular obrigatória”, nas palavras de Kushner ao The New York Times.

De sua parte, Carey criticou a organização dos prêmios por sua “cegueira diante da arrogância cultural da nação francesa, que não reconhece sua obrigação moral com um setor amplo e em desvantagem de direitos”.

Anúncio é feito a poucos dias da cerimônia Foto: Eric Gaillard/Reuters

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E Cole, antes que decidissem pelo prêmio, participou do debate que discutiu se a publicação deveria ser considerada “mártir da liberdade de expressão” e escreveu, para a The New Yorker, um ensaio em que recordava que Charlie Hebdo havia se destacado nos últimos anos “por lançar provocações especificamente racistas e islamofóbicas”. 

A organização, ao anunciar o prêmio, disse que “por ter pago o preço definitivo por seu exercício de liberdade de expressão e ter militado em meio a sua devastadora perda, Charlie merece ser reconhecido por sua valentia diante de um dos atentados mais nocivos contra a expressão na memória recente.”

O presidente do PEN, Andrew Solomon, disse que apoia a decisão e que sabia que o prêmio criaria controvérsias, mas se mostrou surpreso pela veemência das opiniões dos escritores e pelo momento de torná-las públicas – duas semanas antes da noite de gala, que é uma das principais fontes de receita da instituição.

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