Enquete: qual o seu livro preferido de Clarice Lispector?

Escritora nascida na Ucrânia - e brasileira de coração - completaria 99 anos no dia 10 de dezembro

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Por Redação
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Um dia antes de completar 57 anos, a escritora e jornalista Clarice Lispector morria em 9 de dezembro de 1977, no Rio de Janeiro. Nascida na Ucrânia no dia 10, Lispector então completaria 99 anos neste ano. Com vasta obra literário, composta de romances, novelas, contos, crônicas e literaturura infantil, a escritora deixou publicações marcantes.

O Caderno 2 selecionou seis obras e quer saber: qual seu livro preferido de Clarice Lispector?

A escritora Clarice Lispector Foto: Acervo Paulo Gurgel Valente

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Perto do Coração Selvagem

Romance de estreia de Clarice, publicado em 1943. A história de Joana, que narra sua história tanto no plano da infância e como no da vida adulta, apresenta o estilo introspectivo que marcaria a obra da escritora. A exacerbação do momento interior da personagem chega a um tal ponto que a própria subjetividade entra em crise. Em sua estreia, Clarice provocou reação entusiasmada de diversos críticos.

A Paixão Segundo G. H.

Lançado em 1964, é outro livro de Clarice em que os fluxos de consciência determinam a narrativa. Esse romance-enigma acompanha uma mulher identificada apenas pelas iniciais G. H. que, depois de demitir sua empregada e tentar limpar seu quarto, comenta sobre a perda de sua individualidade depois de ter esmagado uma barata na porta do guarda-roupa. Por não ter um nome definido, G. H. pode ser identificado por qualquer leitor. E, com sua linguagem, Clarice parece tocar o intocável e deixar aflorar o melhor e o pior da condição humana.

A Hora da Estrela

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O último livro publicado por Clarice, no ano de sua morte, em 1977. A novela que revelou Macabea, moça sonhadora, ingênua, que, recém-chegada ao Rio vinda do Nordeste, enfrenta valores e cultura diferentes. Namora Olímpico, que a abandona por não ver nela chances de ascensão social. Sentindo dores constantes, Macabea descobre ter um princípio de tuberculose. Triste, busca consolo em uma cartomante, que prevê conhecer um homem louro, justamente o perfil do rapaz que a atropela quando ela sai da casa da vidente. Uma vez mais, Clarice retrata aqui a alma do povo e da cultura brasileira.

Laços de Família

Apesar de publicados nesse volume em 1960, os contos foram escritos muito antes – O Jantar, por exemplo, foi criado em 1943. O que os une é a quantidade de personagens que, pessoas comuns, são abaladas por verdadeiras epifanias durante seu cotidiano. O título do livro revela ainda que, em sua maioria, as protagonistas são donas de casa que buscam o equilíbrio entre o cotidiano da vida caseira e a boa relação com o marido. Em seu lançamento, o livro recebeu elogios, inclusive de outros escritores, como Fernando Sabino, que escreveu: “Você fez oito contos como ninguém nem longinquamente conseguiu fazer no Brasil”.

Água Viva

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Um livro híbrido, sem enredo convencional e, portanto, difícil de ser classificado como romance, poesia, diário ou mesmo ensaio filosófico, mas com fragmentos de todos esses estilos. Publicado em 1973, em forma de monólogo, o livro tem como tema o instante que, de tão fugidio, não o é mais porque agora tornou-se um novo instante. Para muitos críticos, Água Viva talvez seja o texto em que Clarice mais se aproximou do estilo de linguagem que buscou em toda sua obra. Foi um exercício exaustivo, pois, apesar de contar com pouco menos de cem páginas, a obra consumiu três anos de trabalho da escritora.

A Maçã no Escuro

Martim foge da cena de um crime, temendo ter matado a própria esposa. Durante sua escapada, ele é tomado por pensamentos existencialistas. Publicado em 1961, o romance tem uma estrutura de narrativa semelhante à de A Paixão Segundo G. H., como expressões criadas pelos narradores que mostram sua falta de entendimento do que está acontecendo. É também uma história em que a agonia física de Martim é ponto de partida para Clarice criar sua linguagem. Escrito no exterior, entre Torquay, na Inglaterra, e Washington, nos Estados Unidos, o livro foi composto sob a audição da Quarta Sinfonia de Brahms, que Clarice ouviu à exaustão.

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