
09 de janeiro de 2020 | 06h00
“Eu tinha 14 anos e nosso grupo de teatro tinha como especialidade teatralizar poemas. O que me impactou mais foi a poesia de João Cabral de Melo Neto, que considero o maior poeta de todos os tempos. Pela sua profundidade e suavidade, a forma lúdica como ele olha o Nordeste e a história da nossa gente.
Centenário de João Cabral de Melo Neto é celebrado com volumes de obras inéditas e biografia
O poema Morte e Vida Severina ganhou ainda mais beleza e força quando Chico Buarque musicou. Quando eu tinha 16 anos, fiz um dos personagens de Morte e Vida Severina para João Cabral. Ele foi levado pelo nosso grupo de teatro a Campina Grande. Fiz também a linda montagem da TV Globo, dirigida por Walter Avancini, em que eu fiz a “mulher da janela”, um diálogo de uma rezadeira com Severino em uma situação de muita pobreza.
Ouça o depoimento de Elba Ramalho sobre o poeta
A gente quase se encontrou em Barcelona quando alguém intermediou nosso encontro, mas acabou não dando certo. Fiquei amiga da mulher dele. João era ateu e a mulher dele me convidava para ir lá rezar para ver se ele tinha uma conformidade maior do estado de saúde em que ele estava e poder compreender um pouco mais sobre Deus através de mim. No dia que pude ir, ele faleceu. Mas tenho certeza que ele estava bem acompanhado em seus últimos dias.”/DEPOIMENTO A RENATO VIEIRA
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