31 de janeiro de 2022 | 12h43
Uma editora holandesa suspendeu a impressão de um livro que sugeria que um tabelião judeu traiu Anne Frank, dizendo que havia dúvidas sobre a pesquisa por trás dele, de acordo com um e-mail interno visto pela Reuters. The Betrayal of Anne Frank, lançado no dia 18 de janeiro, causou sensação quando os pesquisadores nomearam Arnold van den Bergh como o principal suspeito. Mais tarde, outros pesquisadores criticaram as descobertas, dizendo que estavam “cheias de erros”.
A editora holandesa da obra, Ambo Anthos, disse em um e-mail aos seus autores nesta segunda-feira, 31, que ela deveria ter tido “uma postura mais crítica” com relação à publicação. “Aguardamos as respostas dos pesquisadores para as perguntas que surgiram e estamos adiando a decisão de imprimir outra tiragem”, dizia o e-mail da editora com sede em Amsterdã. “Oferecemos nossas sinceras desculpas a todos que possam ter se sentido ofendidos pelo livro.”
O comunicado não entrou em detalhes acerca desses questionamentos e se recusou a comentar quando foi, depois, procurada pela Reuters. Não houve resposta imediata aos pedidos de comentários de representantes da autora, Rosemary Sullivan, ou da editora em inglês do livro, a HarperCollins.
Um dos pesquisadores citados no livro, Pieter van Twisk, disse à Reuters que viu o e-mail e que a equipe de pesquisa ficou "completamente surpresa" com a mensagem. "Tivemos uma reunião na semana passada com os editores e conversamos sobre as críticas e por que sentimos que poderiam ser contestadas e concordamos que apresentaríamos uma reação detalhada mais tarde”, ele disse.
O livro detalhou as conclusões de uma investigação de seis anos sobre o mistério de como os nazistas encontraram famoso esconderijo em 1944. Anne e outros sete judeus foram descobertos pelos nazistas no dia 4 de agosto, depois de terem se escondido por quase dois anos em um anexo secreto em cima de um armazém, em Amsterdã. Eles foram todos deportados e Anne Frank morreu no campo de concentração de Bergen-Belsen aos 15 anos.
O Diário de Anne Frank, sobre a vida no esconderijo durante o Holocausto, inspirou milhares de pessoas no mundo todo e já foi traduzido para 60 línguas.
Uma equipe que incluiu um agente aposentado do FBI dos EUA e cerca de 20 historiadores, criminologistas e especialistas em dados identificaram Arnold van den Bergh, uma figura relativamente desconhecida, como o principal suspeito na revelação do esconderijo.
Entre aqueles que questionam a pesquisa estão a fundação criada pelo pai de Anne Frank, o Fundo Anne Frank, com sede na Basileia, e o historiador Erik Somers, do instituto holandês NIOD para estudo de guerra, holocausto e genocídio.
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