Editora de ‘Diário de Um Banana’ cria selo para leitores entre 14 e 25 anos

O selo Plataforma 21 vai priorizar obras de ficção científica, fantasia, thriller, terror, romance, games e realismo contemporâneo

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Foto do author Maria Fernanda Rodrigues
Por Maria Fernanda Rodrigues
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A editora argentina Vergara & Riba abriu uma filial no Brasil em 1999 e logo se tornou líder no segmento de gift books. O catálogo foi sendo ampliado com livros para garotas, livros de culinária e mandalas para colorir – bem antes que Jardim Secreto, o título mais vendido no Brasil em 2015, chegasse para agitar o mercado editorial e o de lápis de cor. Mas eis que o editor Fabrício Valério descobriu um livro sobre um certo garoto comum e um pouco tímido, Greg. Não havia nada para meninos no catálogo, o título parecia ter potencial e a editora resolveu arriscar: lançou Diário de Um Banana em 2008. Foi como ganhar na loteria.

Aquele título virou uma série com 10 volumes publicados e outros três prometidos, ganhou adaptações para o cinema e se transformou em leitura obrigatória (e desejada) para a molecada entre 8 e 12 anos. Editar essa coleção, descobrir os leitores, que se revelaram fanáticos, e trabalhar com um escritor simpático, carismático e superstar fisgou a editora. E o sucesso comercial da série de Jeff Kinney – são quase 7 milhões de exemplares comercializados aqui – deu fôlego para a V&R investir em livros para jovens leitores um pouco mais velhos que os fãs de Greg.

Marie Rutkoski, de 39 anos, será a primeira autora do novo selo Foto: TOBIAS EVERKE|DIVULGAÇÃO

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Em 2010, comprou os direitos de Maze Runner, de James Dashner, que também estourou. Saíram cinco volumes que venderam, juntos, 500 mil exemplares. A série já ia bem quando vieram os filmes, e o sucesso ganhou outra dimensão. Outras obras vieram depois – e até o fim do ano o catálogo de cerca de 450 títulos deve contar com 50 ou 60 livros para este leitor. Vale dizer que hoje o segmento responde por 25% das vendas totais.

Pensando em investir ainda mais neste público e para se posicionar melhor no mercado, a V&R apresenta nesta quarta-feira, 18, o selo Plataforma 21. Nele, estarão reunidos os lançamentos para leitores entre 14 e 25 anos – mas isso pode ser extrapolado, já que não são só jovens que gostam de distopia, por exemplo.

A estreia será com A Maldição do Vencedor, primeiro volume da Trilogia do Vencedor, da americana Marie Rutkoski. Aguardada por fãs de séries best-sellers como A Seleção, a obra conta a história da filha do general de um império em guerra que escraviza seus prisioneiros. Entre ingressar no exército ou se casar, ela prefere a música – e compra um escravo com talentos musicais por quem acaba se apaixonando. Estão no prelo, ainda, Crenshaw, de Catherine Applegate, The Reader, de Traci Chee, e Madness So Discreet, de Mindy McGinnis, que acaba de ganhar o prêmio Edgar Allan Poe, para obras de horror e mistério, na categoria literatura para jovem leitor. A meta é publicar 25 títulos este ano.

“Nos últimos tempos, fizemos uma prospecção passiva, observamos o que o público queria. Não faz mais sentido que uma editora em pleno século 21 diga o que você deve ler e ignore a vontade das pessoas. Nossos social media são uma espécie de busca avançada”, diz Fabrício Valério, gerente editorial da V&R. “E vamos às principais feiras internacionais, ficamos de olho no que está sendo lançado, temos uma boa rede de avaliadores”, completa Sevani Matos, diretora geral da editora.

O selo vai priorizar obras de ficção científica, fantasia, thriller, terror, romance, games e realismo contemporâneo. A concorrência é grande e as principais editoras têm selos próprios para este público – e investem bem no marketing.

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Embora outras obras tenham tido sucesso comercial e formado muitos leitores no passado, foi Harry Potter, de J. K. Rowling, no final dos anos 1990, que apresentou um novo, e ávido leitor, ao mercado editorial. E foi o fenômeno Crepúsculo, de Stephanie Meyer, que atendeu um leitor um pouco mais velho, entre o adolescente e o chamado young adult, e fez surgir inúmeras séries e sagas, romances, sick-kit, etc., e uma legião de escritores. Uma rápida olhada nas listas de mais vendidos comprova que esses leitores são bons consumidores de livros.

Com 40 funcionários, a V&R se considera uma editora de médio porte. O Diário de Um Banana e Maze Runner foram duas apostas certeiras que colocaram a casa lado a lado com os grandes grupos. E ela quer provar que pode brigar de igual. “Um selo mostra ao mercado que temos a intenção de fazer algo mais vigoroso. Ninguém abre um selo para deixá-lo um pouco vazio, mas sim com uma estratégia de negócio por trás, mostrando que está na posição de investir e que está crescendo. É para mostrar que existe um novo jogador no mercado, que quer jogar em alto nível e fazer o seu barulho”, diz Fabrício Valério.

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