12 de agosto de 2020 | 12h20
Atualizado 12 de agosto de 2020 | 15h26
A Livraria Simples, localizada numa simpática casinha da Rua Rocha, na Bela Vista, ainda não abriu as portas depois da flexibilização da quarentena. A opção tem sido por vender pela internet, que foi o que segurou a livraria inaugurada ali há dois anos nesses últimos meses, ou entregar os livros na porta da casa. A Simples foi uma das 53 selecionadas para receber o dinheiro arrecadado na campanha de financiamento coletivo do Projeto Retomada das Livrarias, idealizado pelo livreiro e editor Alexandre Martins Fontes e liderado pela Câmara Brasileira do Livro.
A campanha segue até o dia 31 com a meta de levantar R$ 500 mil para serem distribuídos entre essas pequenas e médias livrarias espalhadas pelo Brasil. Até agora, foram arrecadados mais de R$ 356 mil e, nesta quinta, 13, elas recebem os primeiros R$ 5 mil. Em setembro, dividem o restante do que ainda for doado na plataforma Kickante.
“O valor não é suficiente para repor as perdas causadas pela pandemia, mas é um ato simbólico e político, um começo e um incentivo para que a comunidade leitora apoie o consumo sustentável e as livrarias de bairro”, disse Alexandre Martins Fontes. Para ele, sem o pequeno livreiro não existe o mercado de livros.
A Banca Tatuí, que vende publicações de artistas e editoras independentes no bairro de Santa Cecília, também foi selecionada. “Ficamos surpresos e lisonjeados. A iniciativa representa um alívio para as pequenas livrarias, a linha de frente da literatura. Agora tentaremos de alguma forma dividir o benefício com as mais de 200 editoras da Banca Tatuí e Sala Tatuí em alguma ação, que desenvolveremos muito em breve”, comentou o proprietário João Varella.
Ao todo, 213 livrarias se candidataram para receber o apoio. A seleção ficou a cargo de uma comissão formada pelas editoras Companhia das Letras, Melhoramentos, Record e WMF Martins Fontes; pelas distribuidoras Catavento, Disal, Inovação e Loyola; e pela rede Livraria Leitura, que é hoje a maior em número de lojas do Brasil.
Os critérios foram, basicamente: ser média, pequena ou microempresa, ter 50% das atividades dependentes da venda de livros e estar adimplentes e sem protestos até o dia 15 de março, quando as lojas precisaram fechar as portas para conter a disseminação do coronavírus. Empresas que, segundo Martins Fontes, vêm mostrando ao longo dos anos sua seriedade e competência e que “seria um pecado serem fechadas por causa da pandemia”.
Entre as livrarias de São Paulo selecionadas estão ainda a Casa de Livros, a Panapaná e a Companhia Ilimitada, dedicadas à literatura para crianças, a Livraria do Espaço; e a Mandarina e Livraria da Tarde, inauguradas no final de 2019. Do Rio, a Blooks e a Livraria Da Vinci. Há ainda lojas de Poços de Caldas, Araxá, Passo Fundo, Chapecó, Assis, Guaratinguetá e muitos outros lugares. Veja a lista abaixo.
O anúncio feito nesta quarta, 12, pela Câmara Brasileira do Livro ocorre em um momento ainda mais delicado para o setor, que se mobiliza contra a proposta de reforma tributária que prevê a cobrança de imposto sobre o livro – desde 1946 o produto é isento. “Isso vai destruir uma indústria que é fundamental para o País”, finalizou Martins Fontes enquanto a hashtag #defendaolivro se espalhava pelas redes sociais.
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