Concisão e clareza, as principais características da escrita de Machado de Assis, inspiraram versões de sua obra para meios alternativos. O Alienista, por exemplo, novela que traz um retrato pessimista da espécie humana, ganhou uma edição em quadrinhos, assim como A Cartomante, conto em que a credulidade leva a um trágico desfecho. Já uma das obras-primas machadianas, Memórias Póstumas de Brás Cubas, foi adaptado para a literatura de cordel. Em todos os formatos, um cuidado em preservar a qualidade original. E no início, o teatro Um romance pelo avesso Corpo de pedra sem nenhum rosto 'As casas de Machado não tinham jardim' Diário da loucura Os críticos versus o enigma O pai da prosa brasileira Um escritor saudosista Clássicos em Cordel, editados pela Nova Alexandria, é o nome da coleção que traz ainda O Alienista. Na versão de Brás Cubas, o poeta Varneci Nascimento privilegiou, em estrofes de seis versos, a ironia e o humor refinado de Machado. Basta observar, por exemplo, a forma como é apresentado Quincas Borba, amigo do protagonista - por meio dele, Machado fez uma sátira ao positivismo de Augusto Comte, que tem três fases, assim como o Humanitismo. Assim ficou a recriação de Varneci: "O Humanitismo tem Três fases: a expansiva, Quando aparece o homem. Surge aí a dispersiva. O homem absorve todas Na chamada contritiva." Já Luiz Antonio Aguiar, autor do Almanaque Machado de Assis (Record), conjunto de informações sobre o escritor, cuidou da adaptação para a versão em quadrinhos de O Alienista, lançado pela Ática. Com desenhos de Cesar Lobo, a edição busca a essência da história curta que é uma das mais famosas de Machado - precursora das idéias psicanalíticas, a trama apresenta Simão Bacamarte como o homem que questiona os conceitos de razão e loucura. No trabalho em parceria, cujos detalhes são apresentados no fim do volume, o primeiro desafio era enfrentado por Aguiar, responsável pela filtragem das palavras do original que deveriam ficar nos balões dos quadrinhos. Em alguns casos, como a descrição de Crispim Soares com "um homem meio rato", Aguiar instigou a imaginação de Lobo. Em outros, bastou um parágrafo de Machado para preencher toda uma página de quadrinhos. Idêntico cuidado norteou a adaptação de A Cartomante, lançada pela Jorge Zahar Editor. Com desenhos em aquarela de Flávio Pessoa, que também adaptou o texto ao lado de Maurício O. Dias, a versão traz a feliz idéia de usar fotografias do Rio de Janeiro do final do século 19 (feitas por Marc Ferrez e Augusto Malta, entre outros), reforçando o tom realista do original machadiano.