01 de dezembro de 2020 | 14h00
Como não existe Bienal do Livro sem aglomeração, a edição deste ano foi adiada para 2022 assim que o coronavírus começou a mostrar a sua força. “E então deu aquele vazio. Não iríamos fazer nada com os autores e com os editores? Os lançamento da Bienal são tão importantes”, comenta Vitor Tavares, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL). Assim, de 7 a 13 de dezembro, será realizada uma versão enxuta e online da maior feira de livros da América Latina: a 1ª Bienal Virtual do Livro de São Paulo. Mais enxuta, mas, ainda assim, com cerca de 120 expositores e 330 autores.
Vai ter programação cultural e exposição de livros, com direcionamento para venda pelo e-commerce das editoras. Não há regra ou orientação, mas são esperados descontos. Tudo vai acontecer no portal www.bienalvirtualsp.org.br, gratuitamente. Esse site ficará no ar até o dia 13 de janeiro e Vitor Tavares espera que esta edição especial da Bienal seja acompanhada por um milhão de pessoas, de todos os cantos. A edição presencial recebe, em média, 650 mil pessoas. Vai ser preciso se cadastrar no site para assistir aos debates e, segundo a organização, a Bienal Virtual de São Paulo está preparada para atender 50 mil acessos simultâneos no site.
Uma Bienal diferente, em casa e econômica para todos. Uma editora mediana gastava, em média, entre R$ 500 mil e R$ 700 mil para participar da Bienal. Agora, segundo o presidente da CBL, os gastos ficarão entre R$ 3 mil e R$ 5 mil.
A Bienal ainda não começou, mas já deixa margem para mudanças na próxima edição. “Essa experiência vai ser tão boa que quando tiver a presencial ela terá que ser uma edição híbrida, com transmissão das mesas para que pessoas de todo o Brasil possam participar. Isso tudo para incluir e melhorar o acesso. Mas, oxalá, até lá todo mundo esteja vacinado e vivendo a liberdade de poder sair”, diz.
Serão três espaços de debates: o Salão de Ideias, o Papo de Mercado e Arena Virtual. Agatha Christie, no centenário de publicação de seu primeiro livro, e Clarice Lispector, no centenário de seu nascimento, serão homenageadas com mesas na Bienal Virtual. A programação é extensa e deve ser divulgada em breve no site do evento. Entre os convidados da Arena Virtual, por exemplo, estão nomes que vão de Nélida Piñon a Cristino Wapichana, passando por Jarid Arraes, Monja Coen, Leandro Karnal, Claudia Raia e Xuxa.
Diana Passy, criadora da Flipop, o primeiro festival literário voltado para o público jovem do Brasil, é a curadora da Arena Virtual. Cria da Bienal, ela lembra que ia com a mãe na infância, com uma listinha de livros na mão, procurando os títulos que faltavam para a sua coleção. Depois trabalhou na Companhia das Letras, e voltou à Bienal profissionalmente. Ela conta que seu maior desafia à frente da organização dessa programação jovem é levar a experiência presencial para o ambiente virtual. A Bienal é um local de encontro, conversa e descoberta.
A curadora foi então pesquisar como a internet poderia ajudar nisso, e sua primeira ideia foi convidar mediadores com forte presença online, pessoas com seus próprios canais para falar sobre livros. Como serão menos encontros do que se esta fosse uma edição presencial, Diana encarou seu segundo desafio: abarcar uma maior quantidade de temas e não esquecer nenhum público leitor. O terceiro: a diversidade.
“A questão da diversidade é muito importante para mim. É como uma causa pessoal”, diz ela, que é filha de pai chinês. “Sempre que monto eventos, tento trazer a maior representatividade de experiências possíveis porque sei o quanto isso é importante e também porque vejo como enriquece as conversas colocar três autores com vivências diferentes numa mesma mesa.”
Um desses encontros, o Adolescência LGBT+, vai reunir um descendente de iranianos que mora nos Estados Unidos, Abdi Nazemian, e a brasileira Luiza Souza. “Os dois têm trabalhos voltados para esse público jovem, sobre crescer sendo uma pessoa LGBT em momentos diferentes. A história de Abdi se passa no auge da pandemia da Aids, em Nova York, e a dela é sobre um adolescente do interior do Rio Grande do Norte no começo do século. São pontos de vista diferentes sobre um mesmo tema, que vamos juntar para essa conversa”, comenta a curadora que destaca ainda a mesa Vidas Negras Importam, com a participação da americana Nic Stone, autora de Cartas Para Martin (Intrínseca).
Mesa: Clarice Lispector, Marguerite Duras, Nathalie Sarraute: mulheres à procura de um novo romance
Participantes: Teresa Montero / Germana Henriques Pereira / Ana Lúcia Lutterbach Holk
Mediação: Mônica Gama (UFOP)
Mesa: Bem-me-quer, malmequer
Participantes: Isabela Freitas / Lorena Pimenta / Matheus Rocha
Mediação: Ana Rosa
Mesa: O que é a literatura contemporânea brasileira?
Participantes: Itamar Vieira Junior / Jarid Arraes / Tobias Carvalho
Mediação: Camilla Dias
Mesa: Espiritualidade e esperança em tempos de pandemia
Participantes: Padre Carlos Alberto Contieri / Daniel Martins de Barros
Mediação: Petria Chaves
Mesa: As lições que a vida nos dá
Participantes: Marcos Rossi / Rick Chesther / Roger Chedid
Mediação: Patrick Santos
Mesa: Romances de época
Participantes: Sarah MacLean / Scarlett Peckham
Mediação: Paola Aleksandra
Mesa: Escrito nas estrelas
Participantes: Daniel Bovolento / Solaine Chioro / Vítor diCastro
Mediação: Titi Vidal
Mesa: Como alcançar seus objetivos
Participantes: Fernando Rocha / Nath Finanças / Veronica Oliveira
Mediação: Fernando Martins
Mesa: Centenário da obra de Agatha Christie
Participantes: Bel Rodrigues / Raphael Montes / Tito Prates
Mediação: Madame Agatha Killer
Mesa: Mulheres no Poder
Participantes: Débora Thomé / Flavia Rios / Nara Bueno e Lopes
Mediação: Pamela Guimarães
Mesa: [O Fórum das Letras na Bienal] O Livro das Horas: a hora das estrelas (Homenagem pelos 100 anos de nascimento da escritora Clarice Lispector)
Participantes: Nélida Piñon
Mediação: Guiomar de Grammont
Mesa: Escrevendo para jovens em diferentes mídias
Participantes: Cao Hamburger / Iris Figueiredo / Rafael Calça
Mediação: Luiza Souza (Ilustralu)
Mesa: A ficção previu o futuro?
Participantes: Flávia Gasi / Nelson de Oliveira / Waldson Souza
Mediação: Cláudia Fusco
Mesa: Xuxa: Memórias e Maya
Participantes: Xuxa Meneghel
Mediação: Guilherme Samora
Mesa: Adolescência LGBT+
Participantes: Abdi Nazemian / Luiza Souza (Ilustralu)
Mediação: Vitor Martins
Mesa: Sempre raia um novo dia
Participantes: Claudia Raia / Rosana Hermann
Mediação: Thiago Guimarães
Mesa: Mudanças de comportamento e vida saudável
Participantes: Monja Coen / Dra. Floriana Bertini / Dra. Karina Fukumitsu
Mediação: Paulo Moregola
11h às 12h15
Mesa: Alimentação e qualidade de vida
Participantes: Alana Rox / Dra. Gisela Savioli / Lucyane Crosara
Mediação: Juliana Carreiro
Mesa: Thalita Rebouças - 20 anos de carreira
Participantes: Thalita Rebouças
Mediação: Iris Figueiredo
Mesa: Vidas negras importam
Participantes: Nic Stone
Mediação: Afrofuturas
Mesa: Reflexões para bem pensar, bem sentir, bem agir e bem viver
Participantes: Clóvis de Barros Filho / Leandro Karnal / Mário Sérgio Cortella / Monja Coen
Mediação: Leonardo Neto
Mesa: Literatura Infantil
Participantes: Cristino Wapichana / Kiusam de Oliveira / Rodrigo França
Mediação: Maria Carolina Cristianini
Mesa: Séries de fantasia
Participantes: Tomi Adeyemi / Victoria Aveyard
Mediação: Milena Enevoada
Mesa: Mistérios e terror
Participantes: Aline Valek / Felipe Castilho / Márcio Benjamim
Mediação: Bárbara Morais
Mesa: Jovens autores, jovens leitores
Participantes: Lavínia Rocha / Juan Jullian / Elayne Baeta
Mediação: Mayra Sigwalt
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