Como não existe Bienal do Livro sem aglomeração, a edição deste ano foi adiada para 2022 assim que o coronavírus começou a mostrar a sua força. “E então deu aquele vazio. Não iríamos fazer nada com os autores e com os editores? Os lançamento da Bienal são tão importantes”, comenta Vitor Tavares, presidente da Câmara Brasileira do Livro (CBL). Assim, de 7 a 13 de dezembro, será realizada uma versão enxuta e online da maior feira de livros da América Latina: a 1ª Bienal Virtual do Livro de São Paulo. Mais enxuta, mas, ainda assim, com cerca de 120 expositores e 330 autores.
Vai ter programação cultural e exposição de livros, com direcionamento para venda pelo e-commerce das editoras. Não há regra ou orientação, mas são esperados descontos. Tudo vai acontecer no portal www.bienalvirtualsp.org.br, gratuitamente. Esse site ficará no ar até o dia 13 de janeiro e Vitor Tavares espera que esta edição especial da Bienal seja acompanhada por um milhão de pessoas, de todos os cantos. A edição presencial recebe, em média, 650 mil pessoas. Vai ser preciso se cadastrar no site para assistir aos debates e, segundo a organização, a Bienal Virtual de São Paulo está preparada para atender 50 mil acessos simultâneos no site.
Uma Bienal diferente, em casa e econômica para todos. Uma editora mediana gastava, em média, entre R$ 500 mil e R$ 700 mil para participar da Bienal. Agora, segundo o presidente da CBL, os gastos ficarão entre R$ 3 mil e R$ 5 mil.
A Bienal ainda não começou, mas já deixa margem para mudanças na próxima edição. “Essa experiência vai ser tão boa que quando tiver a presencial ela terá que ser uma edição híbrida, com transmissão das mesas para que pessoas de todo o Brasil possam participar. Isso tudo para incluir e melhorar o acesso. Mas, oxalá, até lá todo mundo esteja vacinado e vivendo a liberdade de poder sair”, diz.
Serão três espaços de debates: o Salão de Ideias, o Papo de Mercado e Arena Virtual. Agatha Christie, no centenário de publicação de seu primeiro livro, e Clarice Lispector, no centenário de seu nascimento, serão homenageadas com mesas na Bienal Virtual. A programação é extensa e deve ser divulgada em breve no site do evento. Entre os convidados da Arena Virtual, por exemplo, estão nomes que vão de Nélida Piñon a Cristino Wapichana, passando por Jarid Arraes, Monja Coen, Leandro Karnal, Claudia Raia e Xuxa.
Diana Passy, criadora da Flipop, o primeiro festival literário voltado para o público jovem do Brasil, é a curadora da Arena Virtual. Cria da Bienal, ela lembra que ia com a mãe na infância, com uma listinha de livros na mão, procurando os títulos que faltavam para a sua coleção. Depois trabalhou na Companhia das Letras, e voltou à Bienal profissionalmente. Ela conta que seu maior desafia à frente da organização dessa programação jovem é levar a experiência presencial para o ambiente virtual. A Bienal é um local de encontro, conversa e descoberta.
A curadora foi então pesquisar como a internet poderia ajudar nisso, e sua primeira ideia foi convidar mediadores com forte presença online, pessoas com seus próprios canais para falar sobre livros. Como serão menos encontros do que se esta fosse uma edição presencial, Diana encarou seu segundo desafio: abarcar uma maior quantidade de temas e não esquecer nenhum público leitor. O terceiro: a diversidade.
“A questão da diversidade é muito importante para mim. É como uma causa pessoal”, diz ela, que é filha de pai chinês. “Sempre que monto eventos, tento trazer a maior representatividade de experiências possíveis porque sei o quanto isso é importante e também porque vejo como enriquece as conversas colocar três autores com vivências diferentes numa mesma mesa.”
Um desses encontros, o Adolescência LGBT+, vai reunir um descendente de iranianos que mora nos Estados Unidos, Abdi Nazemian, e a brasileira Luiza Souza. “Os dois têm trabalhos voltados para esse público jovem, sobre crescer sendo uma pessoa LGBT em momentos diferentes. A história de Abdi se passa no auge da pandemia da Aids, em Nova York, e a dela é sobre um adolescente do interior do Rio Grande do Norte no começo do século. São pontos de vista diferentes sobre um mesmo tema, que vamos juntar para essa conversa”, comenta a curadora que destaca ainda a mesa Vidas Negras Importam, com a participação da americana Nic Stone, autora de Cartas Para Martin (Intrínseca).
Confira a programação da Arena Virtual da Bienal Virtual do Livro
Segunda, 7
11h às 12h
Mesa: Clarice Lispector, Marguerite Duras, Nathalie Sarraute: mulheres à procura de um novo romance Participantes: Teresa Montero / Germana Henriques Pereira / Ana Lúcia Lutterbach Holk Mediação: Mônica Gama (UFOP)
15h às 16h15
Mesa: Bem-me-quer, malmequer Participantes: Isabela Freitas / Lorena Pimenta / Matheus Rocha Mediação: Ana Rosa
17h às 18h15
Mesa: O que é a literatura contemporânea brasileira? Participantes: Itamar Vieira Junior / Jarid Arraes / Tobias Carvalho Mediação: Camilla Dias
Terça, 8
11h às 12h15
Mesa: Espiritualidade e esperança em tempos de pandemia Participantes: Padre Carlos Alberto Contieri / Daniel Martins de Barros Mediação: Petria Chaves
15h às 16h15
Mesa: As lições que a vida nos dá Participantes: Marcos Rossi / Rick Chesther / Roger Chedid Mediação: Patrick Santos
17h às 18h
Mesa: Romances de época Participantes: Sarah MacLean / Scarlett Peckham Mediação: Paola Aleksandra
Quarta, 9
11h às 12h15
Mesa: Escrito nas estrelas Participantes: Daniel Bovolento / Solaine Chioro / Vítor diCastro Mediação: Titi Vidal
15h às 16h15
Mesa: Como alcançar seus objetivos Participantes: Fernando Rocha / Nath Finanças / Veronica Oliveira Mediação: Fernando Martins
17h às 18h15
Mesa: Centenário da obra de Agatha Christie Participantes: Bel Rodrigues / Raphael Montes / Tito Prates Mediação: Madame Agatha Killer
Quinta, 10
11h às 12h
Mesa: Mulheres no Poder Participantes: Débora Thomé / Flavia Rios / Nara Bueno e Lopes Mediação: Pamela Guimarães
15h às 16h
Mesa: [O Fórum das Letras na Bienal] O Livro das Horas: a hora das estrelas (Homenagem pelos 100 anos de nascimento da escritora Clarice Lispector) Participantes: Nélida Piñon Mediação: Guiomar de Grammont
17h às 18h15
Mesa: Escrevendo para jovens em diferentes mídias Participantes: Cao Hamburger / Iris Figueiredo / Rafael Calça Mediação: Luiza Souza (Ilustralu)
Sexta, 11
11h às 12h15
Mesa: A ficção previu o futuro? Participantes: Flávia Gasi / Nelson de Oliveira / Waldson Souza Mediação: Cláudia Fusco
13h30 às 14h30
Mesa: Xuxa: Memórias e Maya Participantes: Xuxa Meneghel Mediação: Guilherme Samora
15h às 16h
Mesa: Adolescência LGBT+ Participantes: Abdi Nazemian / Luiza Souza (Ilustralu) Mediação: Vitor Martins
17h às 18h
Mesa: Sempre raia um novo dia Participantes: Claudia Raia / Rosana Hermann Mediação: Thiago Guimarães
19h às 20h
Mesa: Mudanças de comportamento e vida saudável Participantes: Monja Coen / Dra. Floriana Bertini / Dra. Karina Fukumitsu Mediação: Paulo Moregola
Sábado, 12
11h às 12h15 Mesa: Alimentação e qualidade de vida Participantes: Alana Rox / Dra. Gisela Savioli / Lucyane Crosara Mediação: Juliana Carreiro
15h às 16h
Mesa: Thalita Rebouças - 20 anos de carreira Participantes: Thalita Rebouças Mediação: Iris Figueiredo
16h30 às 17h30
Mesa: Vidas negras importam Participantes: Nic Stone Mediação: Afrofuturas
18h às 19h
Mesa: Reflexões para bem pensar, bem sentir, bem agir e bem viver Participantes: Clóvis de Barros Filho / Leandro Karnal / Mário Sérgio Cortella / Monja Coen Mediação: Leonardo Neto
Domingo, 13
11h às 12h15
Mesa: Literatura Infantil Participantes: Cristino Wapichana / Kiusam de Oliveira / Rodrigo França Mediação: Maria Carolina Cristianini
15h às 16h
Mesa: Séries de fantasia Participantes: Tomi Adeyemi / Victoria Aveyard Mediação: Milena Enevoada
17h às 18h15
Mesa: Mistérios e terror Participantes: Aline Valek / Felipe Castilho / Márcio Benjamim Mediação: Bárbara Morais
19h às 20h
Mesa: Jovens autores, jovens leitores Participantes: Lavínia Rocha / Juan Jullian / Elayne Baeta Mediação: Mayra Sigwalt