Como para salvar as pessoas de um Congresso Internacional do Medo e relembrar que já foi brasileiro, Carlos Drummond de Andrade “ressurge” anualmente no Dia D – série de eventos organizados em 31 de outubro que celebram a vida e obra do poeta no dia do seu nascimento. Em 2015, um dos livros fundamentais de Drummond – A Rosa do Povo – completa 70 anos e ganha destaque na programação de São Paulo e Rio.
Neste sábado, 31, em SP, a Livraria Cultura do Conjunto Nacional (Av. Paulista, 2073) recebe eventos das 11h30 (conferência sobre A Rosa do Povo com Iumna Simon, Fabio Weintraub e Vagner Camilo, no Teatro Eva Herz) e outros três até às 18h, quando uma leitura integral do livro, com convidados, será feita na loja da Companhia das Letras.
No Rio, na sede do IMS (Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea), estão programadas leituras comentadas de poemas de Drummond, um recital com Aderbal Freire-Filho e Nelson Xavier e o lançamento do livro de ensaios de Marlene de Castro Correia, professora emérita da UFRJ, Drummond: Jogo e Confissão. Tudo a partir das 15h30.
O Instituto também convidou o poeta Antonio Cicero para ler e gravar os 55 poemas de A Rosa do Povo, que incluem clássicos de Drummond, como o fundamental A Procura da Poesia (“penetra surdamente no reino das palavras”) e A Flor e a Náusea (“É feia. Mas é uma flor. Furou o asfalto, o tédio, o nojo e o ódio”) – a leitura está disponível no site da Rádio Batuta, do IMS. Também há vídeos de Cicero comentando as poesias.
Na última quinta-feira, 29, estreou no Rio o documentário O Último Poema, com direção de Mirela Kruel. O filme conta a história de Helena Maria Balbinot, professora do interior do Rio Grande do Sul que manteve uma correspondência de 24 anos com o poeta sem nunca encontrá-lo pessoalmente. O filme chega aos cinemas em São Paulo na próxima quinta, 5.
A correspondência de Drummond também é tema de um dos livros lançados nos últimos meses sobre o universo do poeta. A Lição do Amigo (Companhia das Letras) reúne as cartas que Mário de Andrade enviou ao itabirano, organizadas pelo próprio Drummond. A editora, que detém os direitos sobre a obra do poeta, também publicou em 2015 reedições de A Falta que Ama (1968) e O Poder Ultrajovem (1972) e as novas edições Declaração de Amor e Nova Reunião, volume com 23 livros de poesia.
Mais recentemente, a escritora e jornalista Nanete Neves lançou pela editora Pasavento o livro O Poeta e a Foca, no qual narra, quase 40 anos depois, seu encontro com Drummond – a primeira entrevista “oficial” do escritor. O encontro ocorreu poucos dias antes do aniversário de 75 anos do poeta, em 1977, e a matéria foi publicada num pequeno jornal de São Paulo, City News, no dia 30 de outubro daquele ano.