PUBLICIDADE

Bósnia, Albânia e Kosovo rejeitam Nobel de Literatura para Peter Handke

Líderes políticos alegam que o escritor e cineasta apoiou abertamente a Sérvia na época dos conflitos na antiga Iugoslávia

Por AFP
Atualização:

Líderes políticos e personalidades da Bósnia, Kosovo e Albânia criticaram nesta quinta-feira a entrega do prêmio Nobel de Literatura ao austríaco Peter Handke, que na época dos diversos conflitos na antiga Iugoslávia apoiou abertamente a Sérvia.

"Jamais pensei que ficaria com vontade de vomitar por causa do prêmio Nobel", reagiu o primeiro-ministro albanês, Edi Rama, no Twitter.

O autor austríaco Peter Handke, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura em 2019 Foto: Christian Hartmann/Reuters

PUBLICIDADE

O membro bósnio da presidência colegiada da Bósnia, Sefik Dzaferovic, qualificou a decisão de "escandalosa e vergonhosa": "É vergonhoso que o comitê do prêmio Nobel esqueça tão facilmente que Handke justificava as ações de [ex-presidente sérvio] Slobodan Milosevic e o protegia com seus comparsas Radovan Karadzic e Ratko Mladic, que foram condenados [pela justiça internacional] pelos mais graves crimes de guerra, entre eles genocídio", declarou Dzaferovic.

O ator bósnio Nermin Tulic, gravemente ferido durante o cerco a Sarajevo por parte das forças sérvio-bósnias (1992-1995, 11.000 mortos), colocou no Twitter um emoji vomitando.

"Um admirador de Milosevic e um negacionista de primeira linha recebe o Nobel de Literatura: que tempos", declarou Emir Suljagic, um sobrevivente do massacre de Srebrenica, onde mais de 8 mil homens e adolescentes muçulmanos foram executados em poucos dias de 1995 pelas forças sérvias.

Em Kosovo, palco do último enfrentamento armado na antiga Iugoslávia, entre forças sérvias e uma guerrilha separatista albanesa (13 mil mortos), o principal jornal da região - Koha Ditore - escreveu: "Um admirador de Milosevic e um negacionista recebe o Nobel de Literatura".

Em 1996, um ano após os conflitos na Bósnia e na Croácia, Peter Handke publicou o polêmico Justiçapara a Sérvia. Em 2006, foi ao enterro de Milosevic, que se suicidou na prisão enquanto aguardava julgamento por crimes contra a humanidade.

Publicidade