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Dan Mallory, autor do best-seller 'A Mulher na Janela', é 'mentiroso' e 'manipulador', diz revista

Reportagem publicada pela New Yorker diz que Dan Mallory, que assina como A. J. Finn, mentiu sobre sua saúde, qualificações profissionais e sua família; 'A Mulher na Janela' foi um dos grandes best-sellers de 2018

Foto do author Maria Fernanda Rodrigues
Por Maria Fernanda Rodrigues
Atualização:

Uma reportagem que sai na próxima edição da New Yorker, dia 11, e já está disponível no site da revista com o título A Suspense Novelist’s Trail of Deceptions, faz uma grande investigação sobre o ex-editor e escritor best-seller Dan Mallory e o apresenta como mentiroso compulsivo e manipulador. Assinando como A. J. Finn, Dan Mallory é autor do thriller A Mulher na Janela, best-seller que rendeu a este escritor estreante cifras milionárias. Uma adaptação deve chegar aos cinemas em outubro.

Ian Parker resgata histórias contadas pelos escritor ao longo do último ano em eventos literários do qual participou - ele veio até para a Bienal do Livro de São Paulo em 2018 - e, por meio de mais de uma dezena de entrevistas, desmente que ele teve um tumor no cérebro, foi operado, teve complicações e se curou; que ele fez dois doutorados; que seu irmão se matou; que seus pais já morreram e por aí vai. O repórter conversou também com pessoas que trabalharam com Dan Mallory em editoras de Londres e Nova York, e conta, detalhadamente, suas artimanhas para conseguir emprego e promoção.

Dan Mallory, que assina como pseudônimo de A. J. Finn, é autor de 'A Mulher na Janela' Foto: William Morrow/HarperCollins

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Também em detalhes, reproduz declarações de professores e diretores de renomadas instituições sobre cartas enviadas por Dan Mallory ao se candidatar a vagas (em que falava sobre as dificuldades que enfrentava naquele momento, como doença na família e seu próprio tumor) e desculpas dadas ao longo dos cursos que nunca concluiu.

Dan Mallory não quis falar com a New Yorker, mas mandou, por meio de sua assessoria de imprensa, um comunicado em que ele comenta como o câncer de sua mãe, durante sua adolescência, foi "uma experiência formadora" e tentou justificar seu histórico de pequenas e grandes mentiras valendo-se de um diagnóstico de bipolaridade recebido um pouco antes de escrever A Mulher Na Janela e depois de anos de batalha contra uma depressão.

“Ao longo dos dois últimos anos, eu falei abertamente sobre doença mental: a experiência definidora da minha vida, particularmente entre o fim dos meus 20 anos até a metade dos 30, e tema central do meu livro. Durante esse tempo sombrio, como muitas outras pessoas afetadas por bipolaridade severa, eu tive depressões profundas, pensamentos delirantes, obsessões mórbidas e problemas de memória. Tem sido horrível. Eu fiz ou disse coisas que normalmente eu não digo, ou faço ou acredito - coisas das quais, na maior parte das vezes, não tenho a menor lembrança."

Quando ele fingia estar com câncer, segundo a matéria, ele mandava e-mails para colegas e ex-colegas de trabalho como se fosse seu irmão (um irmão que depois ele diria estar morto para uma amiga) para dar notícias da operação, das complicações, etc. No comunicado, disse ainda: "Isso aconteceu inúmeras vezes no passado quando eu disse, sugeri ou deixei os outros acreditarem que eu tinha uma doença física - câncer, especificamente. Minha mãe lutou contra um câncer agressivo de mama que começou quando eu era adolescente e essa foi uma experiência formadora e sinônimo de dor e pânico."

A matéria encerra relembrando o que Dan Mallory disse sobre seu próximo livro: uma história de vingança que envolverá uma escritora de thriller (Sophie Hannah, que ele editou e se tornou sua amiga, é uma das entrevistada da matéria) e um jornalista que descobre algo podre sobre o passado de alguém. 

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