Abdulrazak Gurnah recebe o Prêmio Nobel de Literatura em Londres

Gurnah começou a escrever aos 21 anos, depois de se mudar para o Reino Unido no final dos anos 1960 para estudar e acabou adquirindo a nacionalidade britânica

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Por Anna Cuenca
Atualização:

LONDRES - O escritor britânico Abdulrazak Gurnah, nascido em Zanzibar, vencedor do Prêmio Nobel de Literatura por suas histórias sobre imigração e colonização, recebeu o prêmio nesta segunda-feira, 6, em cerimônia no Reino Unido, onde viveu exilado por cinco décadas.

Abdulrazak Gurnah ergue seu diploma do Prêmio Nobel de Literatura de 2021 durante cerimônia na residência da Embaixadora da Suécia em Londres. Foto: AP Photo/Matt Dunham

Gurnah, 72 anos, foi premiado em uma breve cerimônia em Londres, poucos dias antes do evento oficial que será realizado na Suécia em 10 de dezembro, aniversário da morte de Alfred Nobel

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O prêmio é acompanhado por 10 milhões de coroas suecas (6,25 milhões de reais).

Em tempos normais, o escritor teria recebido o prêmio das mãos do rei Carlos XVI Gustavo da Suécia.

"No entanto, neste ano a pandemia nos obrigou a celebrá-lo à distância. E como não é possível viajar para Estocolmo, trouxeram aqui hoje sua medalha e deu diploma", afirmou a embaixadora sueca Mikaela Kumlin Granit, lembrando que o júri premiou Gurnah pelos seus "relatos empáticos e intransigentes dos efeitos do colonialismo e do destino dos refugiados presos entre culturas e continentes".

Nascido em 1948 na ilha de Zanzibar, hoje pertencente à Tanzânia, ele é o quinto escritor africano a ganhar o Prêmio Nobel de Literatura. O anterior foi o sul-africano J.M. Coetzee em 2003. 

Gurnah começou a escrever aos 21 anos, depois de se mudar para o Reino Unido no final dos anos 1960 para estudar e acabou adquirindo a nacionalidade britânica.

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Migração, 'a grande preocupação'

Embora seu idioma nativo seja o suaíli, Gurnah escreve em inglês e mora em Brighton, no sudeste da Inglaterra, onde lecionou literatura na Universidade de Kent até se aposentar. 

Abdulrazak Gurnah recebe o diploma do Prêmio Nobel de Literatura de 2021 da Embaixadora da Suécia em Londres Mikaela Kumlin Granit. Foto: AP Photo/Matt Dunham

Em sua juventude, a escrita lhe veio como algo inesperado, imposto por sua condição de exílio. Mesmo depois de 35 anos de carreira, seus interesses não mudaram. 

Seu primeiro romance, Memory of Departure, só foi publicado em 1987, seguido por Pilgrims Way um ano depois e Dottie em 1990. Todos os três exploraram as experiências de imigrantes no Reino Unido na época. 

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O autor foi aclamado pela crítica com seu quarto livro, Paradise (1994), ambientado na África Oriental colonial durante a Primeira Guerra Mundial e finalistas do prestigioso Booker Prize britânico. 

Sua obra de 1996, Admiring Silence, conta a história de um jovem que retorna a Zanzibar 20 anos depois de partir para a Inglaterra, onde se casou com uma britânica e trabalhou como professor. Uma história parecida com a sua, já que não pôde retornar à sua terra natal até 1984, embora tenha mantido os vínculos. 

O último romance de Gurnah, Afterlives, foi lançado no ano passado e conta a história de um menino que foi vendido às tropas coloniais alemãs.

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