03 de julho de 2015 | 12h18
PARATY - Morte, dor, luto, escrita, história e política foram assuntos da conversa entre Boris Fausto e o jornalista Paulo Roberto Pires na mesa que abriu a programação da Flip, nesta sexta-feira, 3, dia em que os debates serão mais na linha da história.
Um dos principais historiadores vivos, Boris Fausto, aos 84, começou falando sobre sua obra mais recente: O Brilho do Bronze (Cosac Naify). Trata-se do diário que ele começou a escrever um mês depois da morte de sua mulher, a educadora Cynira, e encerrou quatro anos depois. Este foi seu terceiro livro “na rota intimista”, como disse ontem ao Estado. Mas é o mais emotivo. Cynira foi sua companheira por quase meio século, e nos seus últimos sete anos, lutou contra um câncer.
Flip 2015 nas redes sociais
No livro, o historiador alterna essa narrativa íntima com fatos cotidianos, e em determinado momento do processo a população vai às ruas. “O movimento de 2013 foi surpreendente, mas foi um movimento e não uma corrente política importante. Teria que desembocar em alguma coisa, mas parou ali”, comentou. “De 2013 para 2015, a situação do Brasil mudou velozmente. Não acho que o país entrou no precipício final, mas numa crise muito grande. Em substituição ao otimismo daquela época surgiu um desencanto muito grande. A classe media, por razões políticas, foi para a rua, mas também isso chegou a um impasse”, comentou.
Fausto foi aplaudido em dois momentos: quando falou mal do PT e quando disse que a oposição não sabe ser oposição. Para ele, houve um razoável período de equilíbrio financeiro combinado com programas sociais quando o partido assumiu o governo. No segundo mandato de Lula, no entanto, a economia começou a piorar. Falou também sobre “a transformação da cúpula, de gente corrupta que trabalha num sistema mafioso gigante”.
Sobre a oposição, disse: “A oposição vai mal, obrigado”. Segundo o historiador, “ela não teve coragem de assumir ser oposição, de falar que é um partido de classe média, de ser coerente (no caso do fator previdenciário)”.
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