PUBLICIDADE

Zélia Gattai leva seu novo livro ao México

Por Agencia Estado
Atualização:

A escritora Zélia Gattai, viúva de Jorge Amado, não parou desde a morte do escritor, em agosto. Candidata quase eleita à vaga do marido na Academia Brasileira de Letras (ABL), em pleito que se realizará no dia 7, ela viaja pelo Brasil autografando seu livro Códigos de Família, escrito durante a fase mais aguda da doença de Amado. No próximo fim de semana estará na Feira do Livro de Guadalajara, no México, onde o Brasil é país convidado. Haverá homenagens a Jorge Amado e Zélia participará de leituras de seus livros traduzidos para o espanhol. Ela volta ao Rio no início de dezembro, para acompanhar a eleição da ABL. "Essa atividade me distrai da falta do Jorge. Não o esqueço, ele está sempre presente, é meu assunto constante e, se fico parada, dá vontade de chorar", contou Zélia na segunda-feira, logo depois de tomar vacina contra febre amarela (obrigatória para ir ao México). Sua agenda carioca foi recheada. Chegou na sexta-feira, foi ao 3.º Salão do Livro para Crianças e Jovens no sábado, gravou programas de televisão no domingo e, na segunda, autografou seu novo livro. "Códigos de Família me tirou da depressão de ver Jorge doente. Lembrar dele nos bons dias me ajudou a superar a tristeza." Zélia começou a escrever por insistência da filha Paloma (autora de dois livros sobre a culinária na obra do pai). São frases ou ditos do cotidiano da família, às vezes só entendidos por eles ou com significados que remontam a casos antigos. "Alguns são do tempo em que conheci o Jorge, em 1945, outros são políticos, tristes ou alegres, mas todos têm uma referência", adiantou Zélia. "Eu escrevia bem cedinho, antes de o Jorge acordar, ou depois do almoço, quando ele se sentava sem falar com ninguém. Eu ia para o computador, para não ver um homem tão cheio de vida naquele estado de não querer conversar." Depois de escrever, Zélia percebeu (e muitas pessoas vieram contar) que todo grupo tem códigos e alguns são até nacionais. "É o caso da frase ´E agora José?´, criada pelo Drumond. Na minha família, usamos ´tubulou´, para dizer ´entrou pelo cano´, que também é um código. Mas nenhum amigo nosso entra pelo cano", brincou a escritora. Ela esclareceu que Códigos de Família não é ficção, embora haja fantasia nesse e em seus outros 12 livros. "Cada pessoa tem sua ótica, sua opinião. Tive cinco irmãos, vivemos a mesma infância e cada um a contaria de uma forma diferente. Talvez seja fantasia porque a gente sempre conta o que sentiu e o que viu." Ela só é reticente a respeito da Academia. Apesar de alguns imortais terem declarado publicamente seu voto (caso de Eduardo Portella, amigo e personagem de Códigos de Família, do ex-presidente José Sarney e da escritrora Lygia Fagundes Telles) e até seu principal concorrente, o jornalista e escritor Joel Silveira, considerá-la eleita, Zélia prefere esperar o resultado da urna. Nem sequer se diz em campanha e pediu, por carta, aos 38 votantes, que a dispensassem das visitas de praxe. "Não tenho mais idade para ficar viajando e visitando todo mundo. Mandei alguns de meus livros para eles e aguardo", comentou. "Se for eleita, ficarei feliz, se não, tudo fica como antes."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.