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Wally Salomão aceita Secretaria do Livro

Poeta baiano, letrista de Vapor Barato e Assaltaram a Gramática, será o novo secretário do Livro e da Leitura do Ministério da Cultura. Hoje, já esteve em Brasília para "tomar pé da situação"

Por Agencia Estado
Atualização:

O poeta baiano Wally Salomão, ex-Wally Sailormoon, letrista de Vapor Barato (um dos maiores sucessos de Gal Costa e da MPB) será o novo secretário do Livro e da Leitura do Ministério da Cultura. Salomão aceitou o convite e hoje já esteve em Brasília para "tomar pé da situação". Sucederá Ottaviano Carlo de Fiore no cargo. O ministro Gilberto Gil espera anunciar toda sua equipe até sexta-feira, antes de embarcar na "caravana da miséria" do presidente Lula. Gil tem feito reuniões no MinC durante o dia todo, começando às 8 horas e às vezes só encerrando às 22 horas. Autor de livros como Lábia (1998), organizador da única coletânea de textos de Torquato Neto (Os Últimos Dias de Paupéria), Salomão é um dos veteranos da poesia brasileira, tendo começado na literatura em 1971, após passar algum tempo preso no Pavilhão 2 do Carandiru por porte de drogas. No final dos anos 90, integrou a comissão de seleção do Prêmio Multicultural Estadão. Salomão é o autor, com o ministro da Cultura Gilberto Gil, da trilha sonora do filme Quilombo (1984), de Cacá Diegues, cujo lançamento só aconteceu no ano passado, quase 20 anos depois, numa caixa com parte da obra do ministro-cantor. Na época em que foi preso, no auge da Tropicália, Salomão morava com Gal Costa em São Paulo. Quando voltou ao Rio, o amigo Hélio Oiticica havia paginado e desenhado os poemas que ele escreveu na prisão, e que viraram o livro "Me Segura Que Vou Dar um Troço". Wally escreveu então diversos outros livros, como "Gigolô de Bibelôs", "Armarinho de Miudezas". Na editora Rocco, sua atual casa editorial, publicou "Lábia" (1998), "Tarifa do Embarque" (2000) e "O Mel do Melhor" (2001). Além de poeta e escritor, Salomão é um letrista prolixo. É autor de canções como Talismã, Mel, Mal Secreto, Anjo Exterminado, Olho d´Água, Memória da Pele e outras, que foram mote para álbuns e hits de Maria Bethânia. Mel, sozinho, vendeu 1 milhão de cópias. Escreveu Assaltaram a Gramática para Lulu Santos, Rua Real Grandeza para Macalé, Balada de um Vagabundo para Cazuza. Com Antonio Cícero criou as músicas do disco Zona de Fronteira, de João Bosco. Wally também trabalhou com a jovem guarda da MPB. É o autor de Pista de Dança, faixa de Maresia, último disco de Adriana Calcanhoto. Foi um dos mediadores do encontro de Luiz Melodia com os baianos, especialmente Gal Costa, a quem o apresentou, e ainda deu o título à música que ela cantaria: Pérola Negra. Também dirigiu os shows Índia e Fatal, de Gal. Sua editora, a Pedra Q Ronca, lançou o primeiro livro de Caetano Veloso, Alegria, Alegria, e Os Últimos Dias de Paupéria, coletânea póstuma do poeta piauiense Torquato Neto. Esse último foi seu parceiro no projeto Navilouca, uma revista engendrada nos anos 70, mas só publicada depois da morte de Torquato, em 1972, quando Wally estava então vivendo em Nova York. É autor da biografia de Hélio Oiticica, Qual É o Parangolé (Relume Dumará) e produziu o filme Miramar, de Júlio Bressane. Ganhou um Jabuti e outro prêmio da Biblioteca Nacional. O escritor também teve quatro de seus poemas, traduzidos por Arto Lindsay, publicados no Year Book da Academia de Artes de Colônia, na Alemanha. O artista é ainda o protagonista do novo filme da cineasta Ana Carolina, Gregório, sobre o poeta satírico Gregório de Mattos Guerra. "Ele não é um ator, mergulha no personagem sem a consciência de estar representando", disse a diretora. Segundo estudo do Ministério da Cultura, Salomão terá pela frente a seguinte situação para enfrentar: as 2.100 livrarias e as 4.500 bibliotecas públicas do País concentram-se nas zonas urbanas de classe média ou nas áreas centrais (razoavelmente atendidas) e escasseiam vertiginosamente nas áreas urbanas mais pobres, na periferia das cidades e nas áreas rurais. Há 32 mil bancas de revistas e pouquíssimas bibliotecas têm computadores e acesso à Internet. A Secretaria Nacional do Livro e da Leitura anuncia que, nos últimos sete anos, implantou e revitalizou mais de mil bibliotecas públicas em todo o Brasil. "Trata-se da maior expansão do sistema bibliotecário de nossa história", afirma texto da secretaria. A secretaria também coloca como um forte fator estrutural que dificulta a aquisição do livro o seu preço. O livro no Brasil é caro e isso é atribuído a dois motivos: "Primeiro: à falta de uma boa equação para financiar o sistema de distribuição do livro e capitalizar as editoras. (Ambos os recursos poderiam ser obtidos através do BNDES.); e, segundo: às baixas tiragens, fator decisivo, estrutural, que determina o elevado custo do livro (e, portanto, seu alto preço)." Após oito anos de ação, o Ministério da Cultura contabiliza uma atuação tímida na área. "A primeira constatação a ser feita é que o País não está partindo do zero, ainda que algumas das ações necessárias relacionadas nessa proposta - como os programas de leitura para as creches e a criação de políticas fiscais para capitalização das pequenas editoras - não tenham sequer sido começadas", reconhece o texto do MinC. Veja o índice de notícias sobre o Governo Lula-Os primeiros 100 dias e os ministériosVeja o índice de notícias sobre a transição nos Ministérios

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