Vocalista do Rapture fala do retorno da banda e do novo álbum

Grupo de dance punk se apresenta no Cine Joia, em São Paulo, dia 25

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Por Roberto Nascimento
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Antes do LCD Soundsystem, havia o Rapture. Era 2002 e o underground nova-iorquino fervia com bandas em busca de uma sonoridade crua, baseada no pós punk de Gang of Four, Talking Heads e Joy Division. A tendência era cortar os excessos para chegar a uma combinação de guitarras afiadas e pulsações secas, uma rejeição do rock grandioso que dominava o mainstream no fim do milênio. O Rapture era a bola da vez. Com vocais esgoelados, ecos de acid house e os acordes farpados, o single House of Jealous Lovers dominou o verão do ano e transformou o Rapture e a gravadora DFA, do hoje essencial James Murphy, no ó do borogodó indie.Assinaram com a Universal, lançaram o elogiado Echoes (arquitetado por Murphy e seu comparsa Tim Goldsworthy ) e entraram para a história como a banda que ressuscitou o dance punk, o filhote que o pós-punk teve com a disco no início dos anos 80; algo que o LCD Soundsystem, de Murphy, em breve transformaria em cartão-postal da música alternativa. Foi um feito notável para o Rapture, se considerarmos quão dominante a sonoridade foi nos anos 2000 (vide Franz Ferdinand, Spoon, LCD e outras). Mas, além disso, o contagiante ritmo do trio simbolizou uma guinada no zeitgeist comportamental dos fãs de música alternativa, que, de acordo com resenhas, na virada do século ainda assistiam a shows de braços cruzados, e torciam o nariz para qualquer movimento em sincronia com a música. Assim, o Rapture lembrou os descolados que o quadril é feito para requebrar e (eureka!) estavam abertas as portas para uma era menos cínica nos inferninhos nova-iorquinos.Fast-forward e chegamos a 2012, em que o Rapture, que toca em São Paulo, no Cine Joia, no dia 25, tenta retomar a carreira depois de cinco anos sem lançar um disco, e depois de uma década que viu a banda de seu produtor voar bem mais alto.

Ouvir In the Grace of Your Love, tanto a faixa como o disco, é torcer pela retomada de uma banda que já esteve aos cacos, mas lançou um disco prenhe de alma, cujas próprias imperfeições o tornam irresistível como qualquer trilha eficaz de uma escalada para fora do poço. Jenner amadureceu e aprendeu a cantar. As vozes e guitarras lembram o Black Keys e suas readaptações do blues. Mas o Rapture ainda retém a pulsação que os fizeram famosos, embora agora ela seja mais voltada ao eletrônico. O disco é arrematado por Philippe Zdar, um dos produtores mais requisitados do momento, que assinou o disco Wolfgang Amadeus Phoenix, do Phoenix, em 2009. "O Philippe é um cara otimista e eu queria fazer um disco otimista. Ele é profundo e eu precisava de alguém que compreendesse o que se passava comigo naquele momento", explica.No mesmo dia, toca o DJ Breakbot, fenômeno do YouTube. Breakbot, que vem da França, é autor do hit de disco soul I'm Yours (3 milhões de visitas) e já assinou vários remixes de nomes importantes. Deve esquentar a pista com categoria para o Rapture.

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