
14 de janeiro de 2021 | 03h00
Os Estados Unidos resistem aos chifres do QAnon e veem seu quase ex-presidente debater-se tal qual baiacu fora d’água para não largar o osso presidencial. Mas a internet continua a cumprir a promessa de chacoalhar nossas vidas derramando toneladas de yottabytes por todos os poros. Sobreviveremos a Trump e ao mandatário de Pindorama, com suas sandices de filhinhos únicos. Mas não ao volume de informações que chega às nossas telas e nos fazem esquecer de viver.
Há quem viva pela vida dos outros. Todos conhecem, é figurinha carimbada. Postada na janela da casa, chafurda no romance do casal que estaciona no coreto para uns amassos. A internet fez com que humanas e humanos virassem isso. Aos bilhões, o que não é alentador. Mas não Ethan Hawke. O ator e roteirista está em polvorosa. Lança em duas semanas o seu quinto romance, A Bright Ray of Darkness, pela Alfred A. Knopf (amzn.to/2LjIgl3) – um quinto romance que carrega a reboque as quatro indicações para o Oscar, duas como roteirista, duas como ator.
Hawke conseguiu se livrar do estigma do aluno de Robin Williams, em Sociedade dos Poetas Mortos, e hoje está mais próximo do que sempre definiu seu ídolo, Sam Shepard (1943-2017). O teatro como primeiro amor. Claro, apesar de sua estreia na Broadway em 1992, uma adaptação de A Gaivota, de Chekhov, que jogou Hawke no fracasso absoluto, péssimas críticas, plateia às moscas. Talvez nem elas, tadinhas. Mas como texano de primeira, agora aos 50, fala com desprendimento sobre tudo. Vamos ao coreto digital, aqui (youtu.be/Z3I6Uqy-4jw).
Enquanto isso seu colega, o inglês Chiwetel Ejiofor não deu bola para a janela que dá para a pracinha e hoje tem cinco filmes pipocando ao seu redor. Lança nos próximos meses Locked Down, com Anne Hathaway, e Tonight at Noon, este com Ethan Hawke e Lauren Ambrose. Tem também Infinite, em pós-produção. E neste momento está nas filmagens de Doctor Strange in the Multiverse of Madness, com Benedict Cumberbach e Rachel McAdams. Pouco? Ainda vem Rob Peace, atualmente em pré-produção, em que vai dirigir e atuar. É baseado na vida de Robert DeShaun Peace, intelectual brilhante, que é aceito em Yale, mas sucumbe aos fantasmas e tragédias da vida. Morre aos 30. Que a política nos perdoe mas ainda há vida lá fora.
É JORNALISTA E ESCRITOR, AUTOR DO INFANTIL ‘ZIIIM’ E DE ‘ENQUANTO ELES CHORAM, EU VENDO LENÇOS’
Encontrou algum erro? Entre em contato
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.