Vítreo tem uma cozinha democrática

As cozinhas costumam ser ambientes onde vale a autoridade do chef. O Vítreo é diferente. Lá, convivem um francês, Christian Formon, e um dominicano, Kevin Fabian. E a casa ganha em variedade

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Por Agencia Estado
Atualização:

Os competentes chefs Christian Formon e Kevin Fabian conseguiram se entrosar muito bem na cozinha do bom, moderno e badalado Vítreo, que propõe uma cozinha variada, gostosa, com vários pratos afrancesados tradicionais modernizados e apresentados com capricho e também belas receitas de inspiração italiana. Nem sempre é fácil reunir numa mesma cozinha de restaurante, que normalmente não é nada democrática e costuma ter hierarquia bastante rígida, dois chefs de talento. No Vítreo, o francês Christian Formon, que passou pelo saudoso L´Arnaque e também pelo Charlô, funciona mais como um regente, dá assessoria preciosa e também eventualmente orienta pessoalmente a preparação dos pratos, enquanto o jovem Kevin Fabian, da República Dominicana, que chegou a São Paulo para trabalhar no finado Bice, cuida da operação do dia-a-dia e vem demonstrando muita competência. Cardápio conciso, mais puxado para o francês, mas entre os novos pratos da casa merecem ser conhecidos o linguini com frutos do mar (a massa quase al dente num molho com bastante sabor, de tomate com lulas, pedaços de peixe e mariscos, R$ 25) e o raviolini de perdiz com molho de champignons e ervas aromáticas (recheio gostoso, massa saborosa e molho com uma profusão de shitake, R$ 24). Kevin trabalhou muito tempo com a cozinha italiana e propõe também no cardápio, entre outros, o talharim com lagosta e alcachofra ao azeite de sálvia (R$ 32); o risoto de abóbora com ragu (R$ 24) e o risoto de vitela com pimentões coloridos ao alecrim (R$ 26). Os que tendem para a cozinha francesa tradicional deverão gostar do mais do que tradicional filé com uma sauce bearnaise bem saborosa, com gosto de ervas aromáticas como se deve (R$ 24). Para acompanhar, delicadas batatas soufllé, que incham na gordura e lembram pequenos e delicados pastéis. O magret de pato com torta de batatas e pimenta rosa (R$ 27) é outro prato francês que já provou sua qualidade. Já o linguado coberto com coco ralado e molho de frutas exóticas deve ficar para os que gostam de ousar (R$ 26). O coco interfere um pouco no paladar delicado do peixe e o molho, meio ácido, domina o prato. Para começar, ou para os que preferem receitas mais leves, costuma ser boa a salada de cuscuz marroquino com camarão e vinagrete de gengibre (R$ 21) e interessante, de acordo com a moda, a salada de queijo de cabra quente com nozes e figo seco (R$ 15). O Vítreo é bem inserido no contexto da badalada e chique rua Oscar Freire e atrai clientela elegante e descolada. Um restaurante com decoração moderna, mas sem exageros. Algumas vezes, a música moderna, tribal, alta demais destoa do ambiente. A fachada chama atenção com seus trilhos de madeira escura e a grande porta de vidro como a justificar o nome da casa. Depois de uma escada, o bar com pequenas mesas nas laterais e, finalmente, o salão, com mesas para duas pessoas (pequenas demais, meio incômodas) junto às paredes e algumas redondas e espaçosas no centro. Paredes num tom de verde-musgo e a cozinha ao fundo. Parece que a casa ficou mais clara nos últimos tempos (felizmente). Serviço bastante simpático mesmo. Jovens educados compensam com esforço e educação o amadorismo. Vítreo - Rua Oscar Freire, 512, Jardins. Tel.: 3062-7001.

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