Visuais: geração 90 mostra a cara

Estudo feito pela curadora do MAC/USP, Kátia Canton, levanta nomes de 70 artistas que emergiram no começo da década. Sandra Cinto, José Rufino, Rosana Monnerat e Keila Alaver são alguns deles

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Por Agencia Estado
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Quase todos eles têm trinta e poucos anos. Além de estarem na mesma faixa de idade, figuram entre os 70 nomes levantados por Katia Canton, curadora do MAC-USP (Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo) num estudo sobre a produção dos artistas que surgiram nos anos 90. Sandra Cinto, José Rufino, Rosana Monnerat, Albano Afonso, Keila Alaver, Mônica Rubinho e Elias Muradi estão entre os protagonistas de Novíssima Arte Brasileira: Guia de Tendências, tema da tese de livre-docência que a curadora conclui até o fim deste mês. O resultado da pesquisa deve render um livro, ainda este ano. Canton debruçou-se sobre a obra e a vida de artistas brasileiros que emergiram no começo dos anos 90 e estão produzindo há dez anos. "Fiz um recorte específico de um grupo com o qual tenho trabalhado nos últimos anos, não é nada quantitativo", afirma. Ela dissecou questões que permeiam as obras dos artistas. Segundo Canton, eles não buscam a originalidade, têm linguagem fragmentada e narram histórias por meio da obra. Muitas delas são desenhos, outras são obras que nascem como traço e evoluem para instalações. São freqüentes também objetos tridimensionais e esculturas inspirados originalmente em fotografias. Longo percurso - A artista plástica Rosana Monnerat, 33, acredita que os grandes nomes dos anos 80, como Leonilson, Leda Catunda e Daniel Senise, além de terem vivenciado o boom da pintura, desenvolveram linguagem bastante parecida, que expressava questões do corpo e sentimentos como a angústia e a solidão. O tema do corpo, entre outros, foi uma das questões herdadas pela sua geração, afirma ela. Mas hoje os artistas têm mais preocupação com a individualidade para expressar sentimentos universais. "Não queremos acrescentar mais nada na pintura e na escultura. Vamos só aprimorar nossa subjetividade", diz Rosana Monnerat, que trabalha com gravuras em metal, mas já pintou em gesso e esculpiu objetos de cobre. Sua última instalação, que ela vai levar à Bienal de Havana, em novembro, abriga uma figura humana de cera e cobre na trama formada por um emaranhado de fios de cobre semelhante a fios de cabelo. Keila Alaver, 30, diz que não faz questão de ser consagrada pela crítica. Apesar de ter chamado a atenção de Kátia Canton, ela acredita que ainda tem muito chão pela frente. "Preciso trabalhar muito", admite, resignada. Os mais recentes trabalhos de Alaver são fotografias bidimensionais, pinturas acrílicas e pequenas esculturas. Como ela, Mônica Rubinho, de 30 anos, também reconhece que está longe do status de consagrada. Ela se apropria em seu trabalho de diferentes linguagens. Utiliza restos de materiais - tecidos, madeira, linha - , mais aquarelas e grafites em papel, como materiais e técnicas para se expressar. Por usar bordados, sua obra á foi comparada à de Leonilson, um dos mais importantes artistas da geração anterior.

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