Virada Cultural quer restabelecer a paz em SP

A primeira virada teve um clima de festa. Esta, o de uma resposta contra a violência e uma manifestação pública pela paz

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Por Agencia Estado
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A Prefeitura concentrou esforços para fazer da 2.ª Virada Cultural - das 18h de sábado até 18h de domingo - uma resposta à violência. Na segunda-feira, chegou a ser cogitada a hipótese de cancelamento da programação, por causa da onda de violência que tomou conta da cidade, mas o prefeito Gilberto Kassab e o secretário de Cultura, Carlos Augusto Calil, decidiram mantê-la. ?Chegamos à conclusão de que havia condições de realizá-la e de que a Virada pode ser uma resposta da sociedade contra a violência, e uma manifestação pública pela paz, solidariedade e respeito?, explicou o secretário. A segurança e o clima festivo da cidade chamaram a atenção durante a primeira Virada Cultural, em outubro. Agora, além da preocupação natural com a segurança, há o temor de que a paranóia impeça o público de aproveitar as mais de 500 atividades programadas para esse fim de semana - a maioria delas gratuitas. ?Se a Virada Cultural tivesse sido cancelada, a gente ia alimentar a onda de neurose em que o cidadão paulistano se encontra. Acho que haverá público sim, e que a Virada vai dar uma resposta à onda de terror que assolou a cidade?, opina o diretor de teatro Lenerson Polonini. Entusiasta do evento, ele circulou pela cidade durante a primeira Virada Cultural com a performance Ulisses, que durou 24 horas. Agora, vai repetir a experiência, numa versão fisicamente mais viável, de 12 horas. A cineasta Laís Bodanzky, diretora de O Bicho de Sete Cabeças, também participou da programação do primeiro evento e vai repetir a dose. Ela vai armar a tenda do projeto Cine Tela Brasil - uma sala itinerante, levada por uma carreta, que já levou filmes de graça a 140 mil pessoas, em vários pontos do País - a Parada de Taipas, na zona sul. ?Eu não só vou participar da Virada Cultural como vai ser um programa família. ?Pânico não é a solução", diz Laís Bodanzky Bolamos uma programação especial para o fim de semana e eu estou feliz porque o evento não foi cancelado?, declarou a diretora, que vai levar as filhas às sessões. ?Pânico não é a solução. Estamos acostumados a viajar por muitos lugares, e sempre somos bem recebidos. Quando se chega com um programa de cultura, não há espaço para a violência e desta vez não vai ser diferente. Ano passado fomos para Queimados, na Baixada Fluminense, logo depois de ter ocorrido aquele massacre horrível lá. O clima estava pesado, mas quando chegamos, a recepção foi ótima. A cultura tem o poder de desarmar qualquer um. O que precisamos agora é espairecer, relaxar e refletir. Levantar nossa auto-estima. A cultura tem este poder.? O produtor Fred Avellar também aposta no evento e no reforço da segurança. ?Vou à Virada porque fui à primeira. Adorei e acho que os ataques do PCC não devem inibir a população de aproveitar os eventos culturais. É tão falado que educação e cultura são fundamentais para o brasileiro. Se todos tivessem acesso a esses produtos, a criminalidade e violência diminuiriam. Então, não vejo motivo de medo nessa madrugada. Mesmo assim, espero que pelo fato de o evento ser uma iniciativa da Prefeitura, a segurança seja reforçada, que o sucesso de agora seja igual ao do ano passado?, observou ele, que já escolheu as atrações da programação às quais vai comparecer. A Prefeitura não quer divulgar números por medida de segurança, mas garante que o policiamento será reforçado no próximo fim de semana. Os detalhes da operação especial foram acertados ontem numa reunião entre o secretário-adjunto de Cultura, José Roberto Sadek, e o comando da Polícia Militar. ?Espero que a tranqüilidade volte à cidade, e que as pessoas se lembrem de como foi boa a Virada do ano passado, quando tudo aconteceu de maneira muito espontânea?, observa Calil. ?Nessa edição há mais oportunidades, e esperamos que as pessoas desarmem os espíritos e os medos e venham para a rua celebrar.?

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