Virada Cultural, 24 horas com 600 atrações em SP

O paulistano poderá conferir shows, peças, filmes e outras programações inéditas e, em sua maioria, gratuitas. O evento começa neste sábado, às 18 horas

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Por Agencia Estado
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Mantida como uma resposta cultural à violência dos últimos dias, a 2.ª Virada Cultural começa às 18 horas deste sábado com uma maratona de 24 horas de quase 600 atrações espalhadas pela cidade. Para a população poder aproveitar as atividades, todas as linhas de metrô, ônibus e trens da CPTM vão funcionar durante a madrugada. E a grande maioria dos eventos é gratuita, com destaque desta vez para os sete palcos montados em pontos do Centro de São Paulo. "Tivemos mais tempo para planejar e mais adesões, o que nos surpreendeu bastante", diz o secretário de Cultura, Carlos Augusto Calil. A Virada Cultural paulistana é inspirada nas Noites Brancas de Paris. A Prefeitura investiu R$ 3,5 milhões na produção e tem como grande parceira a rede Sesc, que é responsável por uma fatia considerável da programação. Uma novidade é que, com mais tempo de planejamento, foi possível incluir o palco do Teatro Municipal no evento, que vai receber basicamente shows de música popular, bem diferentes das óperas e balés de todos os dias. "Tem muito mais artistas desta vez (200 atividades a mais que no ano passado), com o mesmo dinheiro empregado na Virada anterior", anota o secretário. Ele confirma que, logo na segunda-feira, a Prefeitura pensou em cancelar a programação, por causa da onda de violência na cidade, mas desistiu. Numa decisão tomada entre várias esferas do governo municipal, chegou-se à conclusão de que há condições para realizar o evento. Haverá um esquema especial de segurança, mas a organização não quis divulgar o número de policiais nas ruas. "A Virada será de fato, concretamente, uma resposta da sociedade a uma situação que já está superada na cidade", aposta Calil. Tom Zé, que fez um show incrível no Vale do Anhangabaú na primeira Virada, é contra a idéia de se usar a arte nessa situação. "Não foi a classe artística que começou essa guerra", argumentou ele, que se apresenta amanhã no Sesc Pinheiros. "Na outra Virada eu falei ?que bênção, essa prefeitura está restabelecendo o cordão umbilical entre os artistas e a periferia?. Agora, o governo simplesmente quer botar a gente como isca de perigo, para ajudar a resolver o problema dele. A hora de botar a gente como herói é errada." (Patrícia Villalba) Virada Cultural começa no Vale do Anhangabaú O circuito de shows da Virada Cultural investe em várias frentes: instrumental, MPB, eletrônica, samba e por aí vai. No Vale do Anhangabaú, a programação será aberta amanhã, às 18 horas, pela Banda Mantiqueira, composta por 13 músicos e sob a regência do maestro Proveta, que se apresenta ao lado do convidado especial, o cantor e compositor João Bosco. Enquanto isso, no mesmo horário, a Orquestra Jazz Sinfônica se apresentará no jardim do Museu do Ipiranga. Mônica Salmaso e o acordeonista Toninho Ferragutti fazem duo no palco do Auditório Ibirapuera, à meia-noite de amanhã para Domingo. No Sesc Pompéia, as atrações são pagas. Joyce e Dori Caymmi, amanhã, às 21 horas, e domingo, às 18 horas. O preço dos ingressos para o show varia de R$ 8 a R$ 20. Na madrugada de sábado para domingo, às 3 horas, o palco do Sesc será dominado pelos pernambucanos, com o encontro dos grupos Mombojó e Bonsucesso Samba Club. Os ingressos vão de R$ 5 a R$ 15. Na Praça D. José Gaspar haverá um concerto com 12 pianistas se revezando de sábado até domingo, durante 20 horas. A programação tem início amanhã, às 22 horas, com Wagner Tiso, que será seguido por Laércio de Freitas, Nelson Ayres, entre outros nomes. (Adriana Del Ré) Cinema de madrugada Cinema de madrugada já virou hábito dos paulistanos. Mas vale ressaltar que a programação cinematográfica da Virada Cultural extrapola os tradicionais redutos cinéfilos da capital. O destaque vai para a programação do Cine Tela Brasil, na Estrada de Taipas, zona oeste da capital. A curadoria ficou a cargo da cineasta Laís Bodanzky e do roteirista Luís Bolognesi. Os dois, que já participaram da primeira Virada, vão fazer um programa para a família. "Levarei minhas duas filhas no domingo para assistir a uma das sessões?, que começam no sábado às 18 horas do Sábado com Ginga - A Alma do Futebol Brasileiro. ?Haverá filmes infantis pela manhã e tarde; e adultos, para a noite?, explica Laís. Ginga, que investiga o segredo da supremacia do brasileiro no futebol, também integra a programação do Sesc Itaquera, com exibição gratuita amanhã, às 15 horas. No Centro, a Rua do Triunfo, reduto do Cinema da Boca do Lixo, vira cinema ao ar livre durante 24 horas e ganha, a partir das 20 horas, exibição de clássicos como O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, e filmes de Zé do Caixão, como O Despertar da Besta e O Estranho Mundo de Zé do Caixão. A Cinemateca Brasileira não deixa por menos e também promove projeções gratuitas ao ar livre a partir das 19 horas na mostra Noite do Vídeo, que traz vídeos raros dirigidos por grandes cineastas, como Alexander Sokurov. Há também espaço para música no reduto do cinema. Às 11 horas, haverá show de Ritmos Carnavalescos Maranhenses e, às 15 horas, o grupo Pombas Urbanas apresenta o show Bichos pela Paz. Música e cinema também se unem no Reserva Cultural. O espaço na Avenida Paulista apresenta o show do percussionista Dinho Nascimento às 2h45, como parte das atrações da exibição do filme Ginga, que será exibido às 3h40. Às 5h40, é a vez de Zé Pedro Gollo, autor da premiada trilha sonora do longa-metragem A Concepção, apresentar-se. O filme de José Eduardo Belmonte será exibido às 6h20. O HSBC Belas Artes escolheu filmes sobre aventuras noturnas: Exótica, de Atom Egoyan, Um Dia em Nova York e Corações Apaixonados, com Sean Connery e Angelina Jolie. (Flávia Guerra) Mercado Mundo Mix está de volta Com seu calendário itinerante, o Mercado Mundo Mix volta para o Brasil para participar da 2.ª edição da Virada Cultural. Sediado há dois anos em Portugal, o evento que mistura moda, música e novos designs tomará conta da Galeria Prestes Maia. ?Seremos o ?chill in? e o ?chill out? da Virada, isto é, abriremos e encerraremos o evento?, diz o criador do conceito, Beto Lago. Sem parar, o Mundo Mix funcionará a partir das 14 horas de hoje e só terá fim às 22 horas de amanhã. Em novembro, na primeira edição da Virada, o MMM marcou presença na Praça Roosevelt e por lá passaram mais de 30 mil pessoas. A novidade desta edição do MMM é o primeiro intercâmbio Portugal-Brasil - seis jovens portugueses, destaques nas áreas de artes (Pedro Batista), novas idéias (Daniela Pereira), música (Nubai Sound System e o DJ João Maria), moda (Mariana D?Aguiar) e multimídia (Filipe Pais), estarão presentes. Por meio de um concurso, eles foram escolhidos para ser lançados pelo Mundo Mix Portugal em 2005 e vir para o Brasil. A entrada para curtir o MMM será um agasalho em bom estado. Na Praça do Patriarca, às 20 horas, o DJ Noizyman vai executar ao vivo a trilha sonora do filme Metrópolis, de Fritz Lang, utilizando colagens de músicas do mundo pop dos Chemical Brothers, Pink Floyd e Bjork. No mesmo local, à meia-noite, é a vez dos VJs do Embolex misturarem a trilha original com outras criadas ao vivo para Pixote, de Hector Babenco. (Livia Deodato) Teatro: aproveite o que está para sair de cartaz Com tantas peças em cartaz, ainda mais na Virada, dê preferência para aquelas que sairão de cena neste fim de semana. Uma ótima pedida é Otelo da Mangueira, que fica até amanhã no Sesc Anchieta (R. Dr. Vila Nova, 245, tel. 3256-2281). Escrita por Gustavo Gasparani, a história tem a essência do clássico de Shakespeare, mas foi construída com versos dos sambistas da Estação Primeira de Mangueira, como Carlos Cachaça, Nelson Sargento e Cartola. Na Unidade Provisória do Sesc Paulista, vale a pena ver (ou rever) Esperando Godot, às 21 horas de hoje, obra máxima de Beckett, com Bete Coelho e Vera Zimmermann, sob uma direção de Gabriel Villela. Para as crianças, no mesmo local, só que às 16 horas de hoje e às 11 horas amanhã, Casos Cascudos, espetáculo inspirado em três contos populares recolhidos pelo folclorista Câmara Cascudo. E para quem tiver fôlego, o ator Lenerson Polonini ao lado da Companhia Nova de Teatro vai apresentar uma performance de 12 horas seguidas de Ulisses, de James Joyce. Dentro de bares, pelas ruas e praças do Centro e até no Cemitério da Consolação, os atores darão vida à Leopold e Molly Bloom. A performance está prevista para ter início às 18 horas de hoje na Casa das Rosas (Av. Paulista, 37, tel. 3285-6986). (Lívia Deodato) Artes plásticas: mais tempo para o público Da programação de artes visuais, vale dizer que alguns dos museus e instituições ficarão abertos 24 horas para a visitação das mostras que já estão em cartaz, sendo que poucos deles promoverão atividades especiais para o evento. Oficinas e mostras especiais serão realizadas no espaço do Centro Cultural São Paulo (CCSP) e em outros da cidade - entre os destaques desse bloco, vale citar as oficinas abertas de pintura com Monica Nador e de jardinagem com Fernando Limberger amanhã e domingo na Praça Bel. Fernando Braga Pereira Rocha no bairro do Jardim Miriam como parte do projeto Jardim Miriam Arte Clube. Já no espaço do CCSP, das 12 às 18 horas, Paulo Gaiad convidará o público a realizar um retrato do artista a partir de sua auto descrição para depois compor um enorme painel que será exibido em outra exposição na instituição; e no Boulevard das Artes, no túnel da Rua Consolação, a artista Regina Silveira exibirá a obra UFO. A Pinacoteca promoverá, além da visitação para suas mostras, um passeio guiado pelo Jardim de Esculturas do Parque da Luz (amanhã às 19 horas, 21 horas e 23 horas) e performance de Verônica Cordeiro (amanhã, às 22 horas). Dentre as exposições que estão em cartaz em outros espaços, vale destacar a Santos Dumont=Designer, no Museu da Casa Brasileira (com visitas guiadas); a mostra do grande gravador Lívio Abramo no Instituto Tomie Ohtake; e a Por ti América, no Centro Cultural Banco do Brasil. (Camila Molina) Dança ao som dos anos 80 e sarau de poesias A programação da Virada Cultural cresceu nessa 2.ª edição, e recebeu todo o tipo de adesão, até das mais inventivas. Quem quiser quebrar a monotonia, pode vestir o melhor pijama do armário e ir dançar ao som do melhor - e do pior também - dos anos 80, na festa Trashers de Pijama na Virada Cultural, promovida pelo Clube Caravaggio (Rua Álvaro de Carvalho, 40, Centro). É a Trash 80?s de sempre, já conhecidíssima na cidade. A diferença agora é a proposta do pijama. Começa às 20h30 e dura toda a madrugada, nada menos do que sete horas de som - os anos 80 dão munição suficiente para os DJs. O ingresso custa R$ 20. O pessoal da Cooperifa deixa a periferia durante a Virada para se apresentar seu incrível sarau de poesias no Centro. Começa às 19 horas de amanhã, na Pinacoteca (Praça da Luz, 2) e é grátis. Para quem discorda da idéia de que intelectual é invariavelmente sedentário, há duas atividades que unem cultura e condicionamento físico. Considerado o embaixador do sertão e um dos grandes divulgadores da obra de Guimarães Rosa, mestre Brasinha conduz uma caminhada pelo bosque do Parque do Ibirapuera, às 10 horas de domingo. No percurso, jovens contadores de história, que vieram de Cordisbugo (MG, a terra natal do escritor, apresentam o conto Recado do Morro. O ponto de encontro é o Portão 7 do parque. Já o Clube de Amigos da Bike organiza o Circuito Pedal, uma visita guiada, em duas rodas, pelos museus da cidade. O pessoal parte da Casa das Rosas (Av. Paulista, 37) às 19h30 de amanhã. Dá também para levar uma lembrança de tudo isso para casa. No Estive na Virada Cultural 2, você pode tirar uma foto num dos painéis cômicos criados pelo artista gráfico Lollo. Eles ficam montados durante toda a Virada, a partir das 18 horas de amanhã, no Viaduto do Chá.(Patrícia Villalba) Crianças também terão programa especial durante a Virada Quem disse que criança tem hora para dormir? Pelo menos na Virada Cultural, não. A meninada poderá conhecer melhor a cidade e ainda curtir uma programação animada com contadores de histórias e boas peças de teatro. No Centro de Cultura Judaica (R. Oscar Freire, 2.500), Célia Gomes conta histórias às 11 horas de sábado. Célia se inspira no livro Bruxapéu, da escritora Lia Zatz, que narra a indignação e o inconformismo de uma bruxinha, que não aceita as regras impostas para a sua idade. O conto também é o tema da Cia. Rodamoinho. O grupo desenvolve o espetáculo teatral a partir do conto Festa no Céu registrado por Luís da Câmara Cascudo. A peça homônima será apresentada domingo, às 15h20, na Ladeira da Memória, no Centro. A trupe conta a história do compadre sapo, um animal preocupado com os problemas ecológicos de seu brejo. E está desesperado para participar de uma festa que será realizado no céu. Para chegar lá, ele se esconde nos pertences do urubu, mas, na volta, o urubu o descobre e surge aí um grande dilema: atirar ou não o pobre do sapo pelos ares? A companhia teatral tem como proposta pesquisar a linguagem teatral, literatura, música e a cultura popular brasileira. No Parque Santa Amélia, na zona leste de São Paulo, o Teatro de Mamulengo da Fulia apresenta o tradicional teatro de bonecos nordestino, a criação é de Danilo Cavalcante, mamulengueiro de Pernambuco. Também na zona leste, no Parque Raul Seixas, a Cia. Lúdica apresenta a comédia O Catador de Lixo, no domingo, às 11 horas. No mesmo parque, a Cia. Patética encena A História de Rapunzel, às 15 horas. Os artistas usam técnicas de teatro de bonecos japonês, o bunraku. Em Pirituba, a Cia. Prosa dos Ventos leva ao Parque da Felicidade, às 10 horas, Ciranda das Flores. (Karla Dunder)

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