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Viper está de volta aos anos metálicos

Grupo ressurge após 22 anos, com nova formação e um novo petardo, 'All My Life'

Por Marco Bezzi e do Jornal da Tarde
Atualização:

Imagine-se em um cenário onde a internet competia com os Jetsons nas conversas de como seria o futuro. Onde a importação de discos e revistas só poderia acontecer pelo mercado negro. MP3, troca de arquivos? Esqueça. Em meados dos anos 80, estar antenado com a música que vinha do exterior era tarefa para alguns obstinados.   Ouça 'All My Life'   Entrincheirados nessa terra deserta e sem perspectivas, cinco moleques vindos da classe média paulistana formaram o Viper, em 1985. Regurgitando o heavy metal de Judas Priest e Iron Maiden e adicionando melodia e compassos eruditos à música, o grupo nasceu competindo cabeça à cabeça com o melhor do metal melódico mundial.   A banda, que foi forjada no mesmo ano do Rock in Rio - e conseqüentemente da explosão do heavy metal no Brasil - ressurge 22 anos depois com um novo petardo.     All My Life  retrata uma nova formação, uma nova cabeça, mas ao mesmo tempo resgata aqueles sentimentos que desenharam a estrada metálica do grupo em outrora. "Achamos que era tempo de voltar às origens", fala Pit Passarell, baixista e fundador do Viper.   Pois a origem não apenas volta aos riffs de cavalgada, aos solos gêmeos ou ao falsete do novo escolhido para substituir - o insubstituível - Andre Matos. "Tivemos um cuidado extremo ao gravar este disco", afirma Ricardo Bocci, 31, o novo vocalista.   A tarefa de entrar na pele do que seria o chamariz do novo disco assustou Bocci no início: "Eu tive aula de canto com o André. Claro que no início foi difícil, especialmente nos shows ao vivo. O público do heavy metal sempre espera que eu cante as músicas da época do André igual a ele", justifica Bocci. Pit, que transformou-se em vocalista após a saída de Matos, também dá o crédito ao novo integrante: "Quando o encontramos por um anúncio na internet, sabíamos que o disco tinha que voltar àquela sonoridade anterior da banda".   Montanha russa   Se no início dos anos 90, o Viper foi coroado rei em países como Hungria, Alemanha e Japão, o último respiro da banda no mercado nacional gerou uma tremenda polêmica. Tem pra Todo Mundo, álbum de 1996, foi gravado em português e recebeu um verniz pop em sua produção. Para os fiéis do gênero metal, uma traição. "Não me arrependo do álbum. Acho um trabalho muito ousado", fala Pit, que após o trabalho compôs músicas para o Capital Inicial.   Para tirar a uruca dos últimos anos, convidados como André Matos e Yves Passarell (atual Capital Inicial) foram convocados para colaborar na nova empreitada. "É claro que nesse hiato de 11 anos surgiu uma conversa com o André para ele voltar a cantar na banda. Mas sempre quando estávamos bêbados", completa Passarell.   Já André vislumbra um retorno: "Se fosse uma turnê com todos os membros originais, eu acharia bem positivo", afirma. "Seria legal reviver aquele começo das nossas carreiras."O vocalista prepara seu álbum solo para o segundo semestre e também dá o seu aval ao atual vocalista do Viper: "É um novo momento para a banda e eles estão com um grande vocalista".   Matos também participou do DVD de comemoração de 20 anos do grupo, lançado em 2005. 20 Years of Viper - Living for the Night traz imagens, vídeos e entrevistas de todos os integrantes em diferentes épocas, além de um show no Japão.   O Disco   Histórias eles têm para contar. E o melhor de tudo. O novo disco não recebeu imposição de gravadora, pressão de empresário ou nada que estrague a atual indústria musical. Heavy metal na essência, especialmente para aqueles que viveram a época de ouro do metal.   All My Life continua onde Theater of Fate parou, em 1989. São 12 faixas com tudo que um headbanger espera ouvir. Além dos riffs e solos costumeiros, baladas como Not That Easy provam que metaleiro também tem coração.   All My Life, novo disco do Viper. Gravadora Eldorado. Preço: R$ 25

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