Viotti lança livro no Festival de Curitiba

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Por Agencia Estado
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Nem só de espetáculos é feita a programação do 10.º Festival de Teatro de Curitiba, que termina domingo. Ontem, o ator, diretor e dramaturgo Sérgio Viotti lançou na Livraria Curitiba, no Polloshop Estação, o livro Dulcina e o Teatro de Seu Tempo. E ainda fez uma palestra no auditório do Sesc da Esquina para uma platéia de estudantes, professores e integrantes de algumas entre as mais de 120 companhias teatrais que a cidade abriga durante o festival. O lançamento do livro em Curitiba tem um significado especial para Viotti, como ele contou em entrevista pouco antes de iniciar a palestra. "Foi aqui em Curitiba, em 1981, que Dulcina de Morais atuou pela última vez numa montagem profissional. A peça era O Melhor dos Pecados, com direção de Bibi Ferreira. Estreamos aqui devido ao patrocínio conseguido por intermédio do homem maravilhoso, que sempre apoiou o teatro, o governador Ney Braga, morto no ano passado." Viotti havia escrito a peça especialmente para Dulcina, que ganhou um Prêmio Molière - o derradeiro pela interpretação de um papel. "O crítico Yan Michalsky disse que a peça era autobiográfica, porque era sobre uma grande atriz que abandona tudo para ir para Brasília." A atriz, morta em 1996, dedicou os últimos 30 anos de sua vida à criação da Fundação Brasileira de Teatro (FBT), um centro de formação artística, que acabou fundando em Brasília e hoje tem 700 alunos. A última vez que Dulcina subiu aos palcos foi em Bodas de Sangue, de Lorca, numa montagem com alunos da FBT. No Sesc de Curitiba, Viotti iniciou a palestra dizendo que havia escrito o livro por amor e depois de falar durante uma hora e meia sobre a atriz, concluiu: "Escrevi esse livro também por medo. Um medo terrível que eu fosse embora, que a última pessoa que viu Dulcina em cena fosse embora e essa grande dama do teatro fosse esquecida para sempre." Na palestra, Viotti tentou resumir um pouco da trajetória de Dulcina, a quem chama de Du nos momentos de maior empolgação - "desculpem o excesso de intimidade, mas era assim que eu a tratava". E falou sobre a menina que aos 17 anos estreou no teatro e pouco depois era a primeira atriz da companhia de Leopoldo Fróes. Aos 25 anos já tinha a própria companhia e alcançou um estrondoso sucesso com Amor, peça que Oduvaldo Viana - o pai do Vianinha - escreveu especialmente para ela. "A peça ficou três meses em cartaz, numa época em que as temporadas não passavam de uma ou duas semanas." Dulcina e o Teatro de Seu Tempo consumiu 11 anos de trabalho do autor, que já havia lançado uma primeira parte em 1991, Dulcina - Primeiros Tempos, que contava a vida da atriz até 1937, data de sua primeira viagem ao exterior. Editado pela Fundacen, o volume foi mal distribuído e o lançamento pouco divulgado. Por isso, no lançamento da segunda parte, a editora preferiu juntar os dois volumes num só. "Quando me convidaram para fazer o livro, eu consultei a Du, porque não queria fazer uma biografia não autorizada. E ela disse que ninguém seria melhor, pois eu a conhecia melhor do que ninguém, até do que ela mesma", lembra Viotti.

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