Violência urbana é o tema de 'Disparos', de Juliana Reis

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Por AE
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Quantas vezes já ouviu que quem conta aumenta um ponto? A diretora Juliana Reis tem uma versão um pouco diferente. Há quatro anos, ela ficou muito impressionada com o relato de um amigo, vítima da violência no Rio - mas que, no fundo, poderia ser a violência urbana de qualquer grande cidade do País. Ela recontava a história - e jura que não aumentava ponto nenhum. O que a surpreendia é que as pessoas tinham sempre uma história parecida para contar. Da soma dessas histórias, Juliana escreveu um roteiro que virou filme, premiado no Festival do Rio.Disparos estreia neste sexta-feira, um período excepcionalmente curto, se você considerar que o vencedor do mesmo festival em 2011 - o admirável A Hora e a Vez de Augusto Matraga, de Vinicius Coimbra - ainda não tem data de lançamento. Pergunte a nove entre dez diretores brasileiros, talvez aos dez. Eles vão dizer que dinheiro para fazer cinema no País é sempre complicado, mas pior ainda é furar o bloqueio da distribuição e da exibição. Juliana teve a sorte de encontrar uma equipe - de atores e técnicos - que se comprometeu com ela, e seu projeto, a ponto de começar a fazer Disparos antes mesmo que os recursos começassem a ser liberados. Distribuição e exibição também queimaram etapas - o melhor filme brasileiro do ano, avalizado em importantes eventos de cinema no Brasil e no exterior, estreia na primeira semana de janeiro. O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho, também estará chegando logo ao mercado.São filmes autorais, que não têm necessariamente, ou nem um pouco o perfil das produções que são apostas de público. Disparos é sobre um fotógrafo que é assaltado por dois caras numa moto. Mais um pouco e ele assiste ao atropelamento dos assaltantes. Volta para recuperar o material roubado, omitindo socorro às vítimas, e por isso passa a culpado e a réu, sendo levado à delegacia. Estabelece-se um jogo de poder, de dominação e submissão, entre o policial Caco Ciocler e a vítima, que não é mais vítima, Gustavo Machado. Como diz Ciocler, "um lesado que não presta queixa e recupera o produto roubado, deixa de ser vítima".Juliana Reis assina seu primeiro longa. Pode ser utopia, mas ela acha que Disparos representa uma nova perspectiva e tendência do cinema nacional. "Um cinema ancorado no nosso tempo e espaço, no qual o público se enxerga e que pode servir como instrumento de uma transformação - do espectador." Foi com esse discurso, e essa convicção, que ela conseguiu cooptar gente talentosa para o projeto. Os prêmios - Redentores de fotografia, montagem e ator coadjuvante (para Caco Ciocler) - somente vieram confirmar a acolhida favorável que Disparos teve no Rio.As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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