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Videobrasil fomenta arte eletrônica no País

Criada no momento em que o vídeo despontou no Brasil, instituição soube incorporar as novas tecnologias, passou a realizar curadorias e criou um rico acervo em sua sede. É um dos indicados ao Prêmio Multicultural Estadão

Por Agencia Estado
Atualização:

Nos últimos 20 anos, o Videobrasil tem acompanhado as transformações tecnológicas e estéticas da arte eletrônica no Brasil e na América Latina. No início, apenas como um festival de vídeo. E mais tarde, também como Associação Cultural Videobrasil. Indicado para o Prêmio Multicultural Estadão na categoria de fomentador, o Videobrasil, além de continuar organizando a Mostra Competitiva do Videobrasil - Festival Internacional de Arte Eletrônica, realiza curadorias, produções e mantém um rico acervo em sua sede, acessível a consultas e pesquisas pré-agendadas. Além disso, está em andamento um projeto do acervo virtual, com dados de 20 anos de história. "A Associação Cultural Videobrasil surgiu quase dez anos depois do festival, foi criada em decorrência da própria existência do festival", comenta a diretora da instituição, Solange Farkas. A cada nova edição do evento, o volume de materiais aumentava, na mesma proporção que o interesse do público. Entretanto, num certo momento, o festival por si já não era mais suficiente para realizar os objetivos do Videobrasil. "Sentimos algumas necessidades, como um espaço para sustentação e manutenção de um acervo de obras", diz Solange. "Mas o grande desafio é manter esse acervo. É quase etéreo, se você não fizer nada para preservá-lo, em cinco anos ele some." Considerado centro de referência da arte eletrônica no Brasil, de fama internacional, o Videobrasil nasceu no momento em que o vídeo despontava no País, entre fim dos anos 70 e início dos 80. "Os artistas plásticos brasileiros tentaram usar o vídeo como um novo suporte para seu trabalho autoral, mas a videoarte no Brasil não vem desse movimento. Eles não deram continuidade a esse trabalho e voltaram para a pintura, a escultura." Na realidade, o movimento da videoarte foi desencadeado por pessoas que não tinham quaisquer ligações com as artes plásticas, em geral aquelas que estavam entrando no mercado de trabalho e começaram justamente com o vídeo. "O Videobrasil surgiu nesse momento, temos um registro dessa história no Brasil." Assim como outras tecnologias, o vídeo está em constante evolução. A cada novo sistema, um novo conceito, uma nova linguagem. Com o passar dos anos, outras mídias foram agregadas ao vídeo. Por isso, o termo "vídeo" para designar as recentes obras caiu em desuso. "Atualmente, não é mais adequado falar em ´vídeo´, mas em arte eletrônica, porque outras ferramentas, como a internet, foram chegando", avalia Solange. "No Brasil, o Videobrasil tenta entender e acompanhar a evolução tecnológica." O festival organizado pela instituição procurou adaptar-se a tais mudanças. Entre os principais "avanços" do evento, foi tornar-se internacional. "Durante dez anos, o festival foi feito no Brasil, para o Brasil, para mapear nossa produção", conta a diretora. "A gente sentiu que havia uma produção bacana e estava formando público e opinião." Com o tempo, o foco do projeto precisava ser reavaliado. "Os trabalhos estavam perdendo a força, a vitalidade que tinham no começo. Era necessário um intercâmbio entre artistas brasileiros e internacionais, por isso incluímos programas estrangeiros." O experimento foi bem-sucedido. "Houve uma revigorada." Hoje, a Mostra Competitiva do Videobrasil - Festival Internacional de Arte Eletrônica é voltada para o Hemisfério Sul do globo terrestre (não geográfico, mas político, segundo Solange Farkas), que inclui América Latina, Sudeste Asiático, África e Europa do Leste.

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