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Vestidos para ganhar

Principais indicados provam a máxima: por trás de toda grande produção geralmente há um figurino impagável

Por Fausto Viana e Rosane Muniz
Atualização:

Três dos indicados ao Oscar de melhor figurino também concorrem com a direção de arte, e dois deles estão ainda na lista de melhor filme e diretor. Mas, a não ser que ele seja o azarão às avessas, não há a menor dúvida de que Alice no País das Maravilhas leve a figurinista Colleen Atwood, na sua nona indicação, ao seu terceiro Oscar. Afinal, esse já era o comentário quando ela concorreu ano passado com Nine; e agora ela já ganhou o Bafta, o prêmio da imprensa (Satellite Press), o da crítica (Critics Choice Award) e o prêmio de melhor filme de fantasia da Associação de Figurinistas (Costume Designers Guild Awards). Aliás, essa última premiação torna-se muito mais justa já que há divisão por categorias: O Discurso do Rei venceu como melhor figurino de época e Cisne Negro, melhor contemporâneo.Os trajes de O Discurso do Rei, Bravura Indômita e Io Sono L''Amore cumprem o papel de excelentes figurinos. Vale muito a pena conferir cada um dos grandes trabalhos concorrentes.Io Sono L''AmoreVocê vai pensar que já viu este tipo de figurino antes: elegante, formal, estruturado. Para trabalharem ao seu lado, a figurinista Antonella Cannarozzi convidou a Fendi, que fez todos os trajes masculinos sob medida, e o estilista Raf Simons, diretor criativo da Jil Sander, que criou uma cartela de cores para acompanhar o ritmo do filme. Os tecidos encorpados vão sendo substituídos por tecidos melífluos, sensuais, que convidam sutilmente o espectador a entrar no universo da sexualidade redescoberta da personagem. A comida, bem como a moda, dois fortes ícones italianos, registram o "pulsar interno" da protagonista de poucas palavras.A TempestadeDaria para escrever um enorme artigo sobre a orgia de inspirações que o diretor e também figurinista Julie Taymor permitiu que se fizesse com as roupas. Referências a várias culturas e criações do mundo da moda identificam simbolicamente e de forma espetacular cada personagem do clássico texto de Shakespeare. A inglesa Sandy Powell está na nona indicação ao Oscar e foi vencedora em 2010 com A Jovem Vitória. Sua especialidade é em reconstruções históricas, e o minucioso trabalho no envelhecimento dos trajes faz das suas criações sempre fortes concorrentes. Bravura IndômitaOs irmãos Coen seguiram a mesma linha masculina, do tipo "cabra macho" do Oeste Americano. Mary Zophres fez o figurino, e está tudo lá: o casaco velho do bandido mór e herói; o casaco de franjas e as decorações excessivas do perseguidor que vem do Texas; a roupa que a menina veste (mal) do pai morto; e as roupas de pele de carneiro de um lado e couro do outro para os bandidos. Criado por quem domina o ofício, com um figurino extremamente realista.Alice no País das MaravilhasSe você quer analisar o que é visagismo, basta assistir ao filme Alice no País das Maravilhas. O diretor Tim Burton deixa muito bem estabelecido o conjunto da obra que se relaciona com o corpo do ator: figurino, maquiagem, lentes, cabelos (quantas perucas!) e adereços se unem para compor visualmente cada look. Não se pode isolar um figurino de Alice e querer que ele tenha sentido. Inserido no grupo, tudo é potencializado pelos cenários, luzes, sons e efeitos. A grande novidade no trabalho de Collen Atwood é que ela criou os trajes reais (materiais) e os virtuais, em 3D, animados por computador.O Discurso do ReiO que mais chama a atenção são os trajes de Bonham Carter. São ingleses - especialidade de Jenny Beavan - da primeira metade do século 20. Com a descoberta de que a Rainha Mãe amava "peles", o destaque vai para o corte e as peles usadas pela atriz, em tempos nos quais ninguém se preocupava com o politicamente correto.

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