Versão jovem em mangá traz beijo entre Mônica e Cebolinha

Primeiro beijo entre os personagens é um marco na história em quadrinhos em versão mangá da turma jovem

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Por Beth Néspoli
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"Maneiro... A Mônica cresceu!" Rápida como uma flecha, a menina saca na estante, entre centenas de livros, o gibi número 1 da Turma da Mônica Jovem. Fora comprado por curiosidade de adultos, que jamais imaginaram pudesse atrair uma criança de 7 anos. O espanto se renova quando ela encontra crianças num espaço de convivência: "Você leu o número 2? Eu já tenho", diz a‘recém-amiga’ também de 7 anos.   Veja também: Galeria de imagens da HQ e dos personagens de Lobato em estilo mangá    A história acima não é ficção e deve ter-se repetido, com variantes, em muitos lugares, porque ao tentar recuperar na banca o revista que a menina levara... "Ih, se você tem, guarde que já é raridade", diz a vendedora. A constatação do sucesso de venda se completa com a compra do número 3 no qual se lê que a tiragem de 50 mil inicialmente prevista ultrapassou os 200 mil exemplares e ainda assim esgotou-se. É hora de conversar com o autor da turminha.   No seu estúdio, Mauricio de Sousa fala ao Estado sobre esse sucesso e antecipa, com exclusividade, a capa do número 4 que estará nas bancas no dia 22: o primeiro beijo entre Mônica e Cebolinha. "Mas em que condições eu não digo", brinca. Para quem não se ligou, a Mônica ganhou traços de mangá - ou um "mestiço" entre o desenho japonês e o original - e tornou-se adolescente.     Agora, ela é só um pouco dentucinha, nada gorducha, mas ainda tem seu coelho. Continua amiga de Magali que, embora gulosa, cuida da alimentação; do Cebolinha, que só fala ‘elado’ quando fica nervoso, e do Cascão, que adora esportes e até toma banho, por causa das garotas.   Curiosamente, adolescentes entre 12 e 16 anos, o público-alvo, foram os que menos gostaram. "Como típicos jovens, eles criticam tudo", brinca o autor. Mas ele reconhece que a saga narrada nos quatro números inicias da série deu uma "escapada" para além do planejado. E promete, sobretudo, colocar a emoção e o sentimento em primeiro plano na continuação da série, uma característica dos mangás, que seu público-alvo conhece bem.   Até criações de Lobato ganham traços em mangá   Apaixonado por mangás desde os 5 anos - por conta da influência de vizinhos japoneses - o artista paulistano Fábio Shin recebeu um convite muito especial em junho da Secretaria Municipal de Cultura de Osasco. Deveria criar desenhos para expor na biblioteca pública em dupla comemoração: o centenário da imigração japonesa e os 60 anos de morte de Monteiro Lobato (1882-1948).   Não teve dúvida. Recriou no estilo mangá cinco personagens do Sítio do Picapau Amarelo. O sucesso foi tão grande entre a garotada que ele deu seguimento ao trabalho e criou uma série de ilustrações, 18 delas atualmente expostas na Biblioteca do Santander Cultural, dentro de um projeto voltado para alunos da rede pública.   Num desses desenhos, Lobato é um boneco nas mãos da Emília. "As pessoas ainda não tinham se dado conta, mas Emília tem tudo a ver com o mangá", explica Shin. "Ela é uma boneca, mas tem sentimentos humanos", diz. E explica: "Essa é uma das mais atraentes características do mangá: a humanidade. Por exemplo, o super-homem, só para citar um herói de quadrinhos, não tem dor de barriga, não tem fome, não vai ao banheiro. Os personagens de mangá brigam, têm raiva, ficam felizes ou tristes, erram. A Emília é sapeca, adora pregar peças, tem tudo de mangá."   E não só ela. Para a exposição, Shin criou tirinhas de algumas histórias do sítio, como A Chave do Tamanho. E ainda dá oficinas de mangá para alunos da rede pública. Quanto à jovem Mônica, ele sentiu falta das emoções. "Os personagens têm olho grande para expressar sentimentos." Mas elogia a coragem de Mauricio de Sousa. "Tiro o chapéu pela ousadia e sei que a tendência é ficar muito bom. O número 3 já é muito melhor do que o primeiro."

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