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Versão em HQ torna saga mais complexa

Por Raquel Cozer
Atualização:

Muito antes de desenvolver o game que deu origem ao filme Príncipe da Pérsia, Jordan Mechner era um adolescente aficionado na ideia de se tornar quadrinista. Por curiosidade, só após longa trajetória pelas telas a criatura acabou chegando ao formato que primeiro atraiu o criador. O resultado desse retorno às origens chegou há pouco às livrarias brasileiras: trata-se da graphic novel Príncipe da Pérsia (Galera Record, 208 págs., R$ 39,90), que saiu nos EUA em 2008, sob supervisão de Mechner - o americano diz que, após anos envolvido com os roteiros do game e o argumento do filme, preferiu deixar a história transcorrer por outro olhar.Coube ao poeta e roteirista iraniano A.B. Sina encontrar um personagem capaz de sintetizar os diferentes príncipes das várias versões que o jogo já teve. Apoiado pelo traço de Leuyen Pham e Alex Puvilland, Sina fez algo mais complexo que isso: imaginou uma saga na qual o protagonista é, em suas próprias palavras, o tempo."Se você lê narrativas clássicas do Oriente, percebem que elas não tratam da individualidade, e sim da estrutura da sociedade", diz o roteirista por telefone ao Estado. "Nessas histórias, o príncipe não é como no Ocidente, alguém coroado, um príncipe Charles. É, isso sim, alguém que se sente naquela posição de desafio." Sina imaginou então uma trama em que vários possíveis príncipes se conectam por meio de suas realidades - no passado, um deles se deixa levar por uma profecia, enquanto, no futuro, um outro vive conforme preceitos que apreendeu de seus ancestrais.Sem nunca ter jogado o game que levou o selo norte-americano First Second a apostar na graphic novel, o iraniano seguiu orientações de Mechner para remeter aos jogos - esqueletos e bebês de areia, por exemplo, têm importância na narrativa - e se deu ao direito de incluir umas gracinhas pessoais, como a constipação que acomete um dos príncipes.Para quem tem curiosidade de saber como ficaria uma graphic novel nas mãos do criador de Príncipe da Pérsia, há outra alternativa. Acaba de sair, nos EUA, Solomon"s Thieves, primeiro livro de uma trilogia roteirizada por Mechner.

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