Versão de "Tudo ou Nada" arrasa na Broadway

Contrariando previsões de que seria um espetáculo grosseiro, o musical Full Monty, adaptado do filme, encanta a crítica e o público, sobretudo o feminino, entusiasmado com os strip-teases masculinos

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Por Agencia Estado
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Era o teste final para o musical The Full Monty, que estreou na quinta-feira passada no Eugene O´Neill Theater, na Broadway, em Nova York. Depois de passar em revista 72 homens para os papéis dos seis metalúrgicos desempregados e fora de forma que decidiram fazer strip-tease como um desesperado recurso financeiro, o coreógrafo do show pediu a cada um dos 12 finalistas que se despisse. "Mesmo que eles não devessem parecer bonitos, tinham que ter um certo nível de descontração no momento que chegassem ao strip final", disse o coreógrafo, Jerry Mitchell. "Tinham que se sentir à vontade estando nus." Depois de escolher os seis, Mitchell disse que tentou não pressioná-los durante os ensaios. "No começo, fui bem protetor. Agora está difícil fazer com que fiquem de roupa." O musical - Uma idéia experimental que muitos consideraram uma tentativa grosseira de ganhar dinheiro em cima do sucesso do filme (no Brasil, Tudo Ou Nada) - resultou no primeiro sucesso genuíno desta temporada da Broadway. Desde a semana passada, quando estreou, tem filas, lotações esgotadas e um público feminino ultra-entusiasmado com o strip-tease masculino do enredo. Apesar dos resmungos de um ou outro crítico sobre o libreto, a maioria reconheceu que The Full Monty é um triunfo que terá vida longa na Broadway. Ben Brantley, do The New York Times, disse que se trata "daquele raro espetáculo que agrada multidões, mas do qual você não precisa pedir desculpas por gostar". Elysa Gardner, do USA Today, descreveu-o como "uma das mais divertidas e estimulantes produções que você tem probabilidade de assistir". Para David Hinckely, do The Daily News, o musical "diferente, vigoroso e absolutamente delicioso". A história de como um filme de 1997, que faturou US$ 256 milhões no mundo inteiro, transformou-se em musical de sucesso é uma vitória de vários profissionais envolvidos na sua criação. Entre eles Lindsay Law, que abandonou o cargo de presidente da Fox Searchlight Pictures, produtora da versão cinematográfica de Full Monty, para dedicar-se à produção do show. Há o diretor Jack O´Brien, cujo espetáculo anterior na Broadway, More to Love: A Big Fat Comedy, de Rob Starlett, foi tão espancado pela crítica que teve de ser tirado de cartaz em quatro dias, em 1998. Ataques a bomba - O redator do libreto do show, Terrence McNally, também passou por maus bocados. Sua peça, Corpus Christi, provocou ataques a bomba e tumulto no mundo teatral ao mostrar uma figura parecida com Jesus fazendo sexo com seus apóstolos. O pouco conhecido compositor do show, David Yazbek, nunca tinha escrito um musical e seu protagonista, Patrick Wilson, sobreviveu a dois fracassos em Nova York, Fascinating Rhythm, na Broadway, e Bright Lights, Big City, off-Broadway. A criação da versão musical de The Full Monty começou há cerca de dois anos, quando Law ainda era presidente da Fox Searchlight, um divisão de especiais da 20th Century Fox. A Fox Searchlight é a produtora do espetáculo, com Law e Thomas Hall, que nos últimos há 20 anos foi diretor do Old Globe Theater, em San Diego, para concentrar-se em Monty. Para dirigir o musical, Law convocou seu amigo O´Brien que também é diretor artístico do Old Globe, onde Full Monty teve origem em uma exibição lotada em junho último. O´Brien amou o filme e sentiu que o material tinha nascido para o palco. "Adoro o que ela diz sobre as pessoas e a amizade entre homens e sobre imagem corporal", diz McNally, que viu o filme apenas uma vez antes de assinar o contrato. Do filme, restaram apenas umas poucas falas. O cenário foi transferido de Sheffield, Inglaterra, para Buffalo.

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