Ninguém tinha dúvidas. Depois de ter sido assassinado em março deste ano, o Capitão América estará de volta em janeiro de 2008. Divulgadas pela Marvel, imagens mostram um novo e mais agressivo uniforme do herói dos quadrinhos. O visual, concebido pelos autores Ed Brubaker e Steve Epting e desenhado por Alex Ross, tem influências do uniforme original do herói, com uma armadura peitoral triangular, semelhante ao escudo usado pelo Capitão América em suas primeiras aventuras. Tudo leva a crer, porém, que é Bucky Barnes, o jovem parceiro do líder patriota, quem estará atrás da máscara usada desde 1941 pelo falecido Steve Rogers. Versão mais "dark" do original, o novo Capitão está armado de uma pistola e uma faca, algo que pode abalar o próprio simbolismo do herói. Tradicionalmente portando apenas seu escudo, o Capitão América se tornou um emblema do país logo quando foi criado. Como tal, supunha que a vontade de sua nação era pacífica, mas que não ficava indiferente diante da agressão. "Eu não acho que a natureza icônica ou simbólica de um super-herói seja frágil como alguns pensam", afirmou Ed Brubaker ao site Newsarama. Quando perguntado sobre a coerência do "novo" personagem dentro de suas histórias, arriscou dizendo que "Ícones, em geral, são elásticos e tendem a mudar conforme o tempo." Para o autor, não é tão importante o fato do personagem carregar a arma e uma faca, e que andar armado não significa que ele sairá atirando na cabeça das pessoas. "Policiais levam armas, assim como soldados. Um super-soldado moderno, da mesma forma. É apenas outra ferramenta no arsenal", comparou. A reação dos fãs, por outro lado, não reflete necessariamente essa opinião. Numa enquete, o mesmo site pergunta aos leitores, "o que você acha do novo Capitão América carregar uma arma e uma faca de caça?". Divididos entre três opções, 24% acham a atualização do personagem algo "apropriado e lógico para nossos tempos". Porcentagem quase idêntica vê a idéia como "uma inversão da natureza não-letal do herói". Mas uma maioria de 51% considera que a nova encarnação do Capitão América acabará sendo uma história auto-contida, que Steve Rogers irá voltar, ou simplesmente não possui uma impressão séria sobre o assunto. Atualizar ou substituir algum personagem de quadrinhos sempre foi tarefa arriscada para seus autores. Com seguras exceções, o número de fracassos ao longo dos anos é extensa. Super-Homem (morto), Batman (com espinha quebrada), Robin (assassinado) e Mulher-Maravilha (substituída) são só alguns exemplos. Sucesso ou não à parte, o que salta à vista no caso do retorno do Capitão América é a maneira como se propõe a renovação de um herói. Não se está criando um símbolo, mas tentando-se reescrevê-lo. Sutileza que sensatez nenhuma deve ignorar.