Verão dos jovens talentos da moda é eclético

Estilistas participantes da Casa de Criadores levaram um pouco de tudo à passarela montada sob o Viaduto do Chá

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Por Agencia Estado
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A moda proposta pelos jovens talentos da Casa de Criadores para o verão 2005/2006 bebe em todas as fontes e faz mix de influências. Passado o revival oitentista - que parecia reinar quase soberano -, houve remissão a todas as décadas marcantes da moda recente na passarela montada sob o Viaduto do Chá, na série de desfiles que começou no domingo e terminou na quarta-feira. Estavam lá os vestidões esvoaçantes dos anos 70, os marinheiros e até mesmo o balonê dos anos 60, as cores flúor e o minimalismo dos anos 90. O branco acompanhado de dourado voltou a desfilar, depois de reinar na São Paulo Fashion Week, no fim de junho, assim como o cru do linho. Mais ousados, os estilistas da Casa de Criadores apostaram muito nas transparências e no volume - muito tafetá, sem medo de ser feliz. Ao som de um inacreditável Garota Dourada, Juliana Jabour levou uma moda 100% usável e confortável, em tons fortes de azul royal, verde-bandeira e amarelo, principalmente. Tudo com forte influência dos anos 60, desde os lenços amarrados na cabeça como turbante às mangas-morcego e, claro, a moda marinheiro. Menos leve que Juliana e mais rocker, Laundry usa basicamente os mesmos elementos, para misturar a estética marinheiro com o punk dos Ramones. As modelos de Patrícia Grejanin, a estilista da marca, pisaram na passarela com jeito de coquete em criações que abusavam dos botões enormes, das listras e das microssaias - tudo bem feminino em produção supercaprichada. Para completar, sandálias de plataforma glitter, com laçarotes enormes. Na contramão das várias marcas que usaram as cinturas altíssimas - ainda que como um jogo de cena, caso do desfile performático Walério Araújo -, a Laundry veio com a sensual saint-tropez. O estilista Gustavo Silvestre também seguiu o caminho sexy das cinturas mais enxutas que, combinadas com camisões masculinos e bolsões em cru e amarelo, dão um ar charmoso ao verão tropical. Outra que também foi de listras - desta vez em preto e amarelo - é a marca Madalena. Em malha, algodão e musseline, a estilista Carol Martins criou peças que privilegiam a silhueta simples e o conforto, mas bem volumosas. Fez o seu melhor nos vestidos que combinam estampas psicoldélicas, inspirada pelo trabalho da artista plástica Niki de Saint Phalle, do movimento pop art. As peças masculinas extraíram a sensualidade do homem com roupas leves que abusavam dos cortes e das estampas. Paulo Carvas deixou muita cueca à mostra em calças oversized com chinelos e estampas infantis. Fez um dos melhores desfiles masculinos ao adicionar casacos em tons rústicos ao conceito street de bonés e calças largas. Inspirado pelo Egito antigo, João Pimenta apresentou uma coleção mais blasé, que misturou regatas estampadas com bermudas jeans, turbantes e capas em algodão cru. Ivan Aguilar, o estilista da primeira-dama Marisa Letícia, deixou um pouco os sóbrios terninhos para pirar em sua coleção masculina. Teve muito braço de fora em regatas ultracavadas e transparentes. E muita barra dobrada - bermuda que vira short, calça que vira bermuda - que já parece nascer como hit da próxima estação, tendo marcado presença em vários desfiles. Na primeira fila do último dia de desfiles, o desenhista Mauricio de Sousa acompanhava atento as novidades. Ele cedeu os direitos autorais da Turma da Mônica para uma campanha social da Casa de Criadores - inspirados pelos personagens, os estilistas criaram cada um uma camiseta. A preferida do público foi a de João Pimenta, que será vendida. O dinheiro vai para a reforma da UTI pediátrica do Incor.

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