Com um discurso pausado e usando um traje impecável, o ganhador do Nobel, Mario Vargas Llosa disse nesta quinta, 7, que o prêmio é um reconhecimento à literatura da América Latina e Espanha.
"Desde o início pensei que a Academia Sueca não estava premiando somente a mim, mas a língua em que escrevo e a região de onde venho", disse Vargas Llosa a um grupo de jornalistas em Nova York, poucas horas após receber a notícia.
"A verdade é que há algumas décadas a literatura latino-americana tem um reconhecimento internacional grande e me parece bastante justificado, pois produziu obras literárias de alto nível", acrescentou.
O escritor peruano, que se considera um "cidadão do mundo", descreveu a literatura espanhola atual como "muito criativa", diversa e de "alto nível em todos os gêneros".
Vargas Llosa disse que ainda está se recuperando da surpresa desde quando foi acordado por um representante da Academia Sueca que lhe deu a notícia às 5h30. Vargas Llosa lembrou que no passado seu nome havia sido mencionado como possível candidato ao Nobel, "há vários anos que não era mais mencionado, por isso foi realmente uma surpresa".
Afirmou que recebeu muitos telefonemas de colegas espanhóis e outros escritores da América latina, "onde tenho muitos amigos".
Sobre o impacto de seu trabalho, que inclui obras como Tia Julia e o Escrevinhador, A Festa do Bode, A Cidade e Os Cachorros, Vargas Llosa disse esperar que tenham o mesmo efeito na vida dos leitores que tiveram na sua escritores como Miguel de Cervantes e Gustave Flaubert.
Afirmou que "os verdadeiros escritores não necessitam de conselhos". Mesmo assim, logo se animou a dar um: "A literatura que tem sucesso, que realmente consegue algo importante, é uma literatura de trabalho, de autocrítica, de perseverança, mas creio que os jovens escritores que ainda não sabem disso, vão descobrir de qualquer maneira no exercício de seu trabalho".
