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Vargas Llosa escreve novo romance

O escritor peruano Mario Vargas Llosa inspira-se mais uma vez em personagens da vida real - Flora Tristán e seu neto, o pintor Paul Gauguin -, para compor seu novo romance que trata das utopias do século 19

Por Agencia Estado
Atualização:

O escritor peruano Mario Vargas Llosa volta a se inspirar em personagens reais no seu novo romance: El Paraíso en la outra Esquina (O Paraíso na outra Esquina). O livro é sobre Flora Tristán e seu neto, o pintor Paul Gauguin. Em entrevista ao jornal madrilenho Diário 16, o autor de A Festa do Bode (La Fiesta del Chivo), romance publicado há um ano e que até hoje lidera listas de livros mais vendidos nos países hispano-americanos. Sobre seu novo projeto ele diz que "É um romance sobre as utopias, sobre o sonho da sociedade perfeita, um sonho que esteve muito em voga no século 19, quando havia uma diversidade de utopias sociais e artísticas. Flora Tristán encarnou essa vocação utópica de seu século no aspecto social, e Gauguin o fez na vertente artística". Segundo Llosa, "Ele ansiava por um mundo de beleza que acreditava existir nas culturas primitivas e exóticas e foi para a Oceania. Nenhum dos dois encontrou o paraíso, mas encontraram em sua busca algumas vidas maravilhosas e conquistas extraordinárias." O escritor, que acaba de lançar uma compilação de seus artigos publicados no jornal El País, entre 1992 e 1999, entitulado El Lenguaje de la Pasión (A Linguagem da Paixão), disse que quando alguém escreve artigos ou ensaios "deve manter-se no mundo da racionalidade, das idéias, sem suprimir totalmente seus sentimentos. Em compensação, quando alguém escreve ficção, não tem nenhuma obrigação de sujeitar as paixões. A falta de razão pode ser extremamente útil em um romance", acrescentou. Vargas Llosa falou ainda sobre os valores comerciais que definem o panorama literário: "É uma ingenuidade acreditar que os livros poderiam sobreviver fora do mercado. Se não existisse um mercado que os movimentasse, o que aconteceria? Deveríamos voltar à Idade Média, em que os livros eram pagos pelos poderosos? Daria maior pureza ao livro se cada escritor tivesse, como na época de Cervantes, que procurar um ricaço para patrocinar sua obra? Creio que não. O mercado representa um progresso em relação a isso. É um mecanismo impessoal que faz com que maus livros sejam muito populares e que bons livros fiquem relegados às minorias. Mas isso, pelo menos, garante uma certa liberdade", concluiu.

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