Vanguardas britânicas desembarcam em SP

Exposição na Oca, em São Paulo, reúne mais de cem obras do acervo da prestigiada Tate Gallery, cobrindo a produção de 1960 a 2003 e uma mostra de vídeos, no Instituto Tomie Ohtake

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Por Agencia Estado
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Depois da França, da Rússia e da arte milenar chinesa, a Oca, no Parque do Ibirapuera, abriga uma grande exposição de arte britânica. O British Council e a BrasilConnects abrem hoje para o público a mostra Art Revolution: A Bigger Splash - Arte Britânica da Tate de 1960-2003, que reúne mais de cem obras vindas diretamente do acervo da Tate Gallery, da Inglaterra. É a primeira vez que um grande número de obras da coleção do museu é exibido na América Latina. Além das pinturas, esculturas, instalações, fotografias e obras sobre papel, o evento ainda terá como parte integrante uma mostra de vídeos do acervo da Tate exposta simultaneamente no Instituto Tomie Ohtake. Foram necessários dois anos de negociações e US$ 1 milhão para realizar a exposição em São Paulo. Como a exposição trata de um período que vai dos anos 60 até 2003, o visitante encontrará no topo do prédio as pinturas da década de 60. Lá estão as obras assinadas por mestres como Francis Bacon e Lucien Freud e o quadro A Bigger Splash (título da exposição), de David Hockney. Nos anos 50, a arte britânica ainda refletia uma nuvem sombria deixada pela 2.ª Guerra. A Inglaterra passava por um período tortuoso e esse cenário não poderia deixar de aparecer em sua produção artística, desenvolvida mais como resposta para aquele período do pós-guerra. A virada, o "turning point", foi na década de 60. Uma nova época econômica, uma vontade de renovação que aparecia refletida na arte produzida naquele país. Um dos movimentos surgidos foi a pop art britânica. De uma fotografia publicada em jornal de um escândalo com o líder dos Rolling Stones, Mick Jagger, Richard Hamilton desenvolveu duas pinturas diferentes. Outro movimento foi a chamada New Generation, com pinturas e esculturas abstratas. Nos anos 70, predominam as instalações, performances e a escultura. As experimentações com diversos e inusitados materiais é o que chama a atenção nos artistas desse período. Richard Long e Michael Craig-Martin, que organiza obras com objetos do cotidiano, são alguns destaques. Na década seguinte, continua esse ideário de escultura, destacado na produção de Tony Cragg, Anish Kapoor e Julie Opie. Nesses anos também há a retomada da pintura, como diz a curadora Catherine Kinley, é a época da Goldsmiths College, tradicional escola dessa técnica. No fim da década de 80 e começo dos anos 90, surge o movimento Young British Artists (YBA), com Damien Hirst. Daí em diante, a arte britânica experimenta todos os materiais, todas as mídias - há uma explosão de videoarte e fotografia. A vanguarda dos vídeos ingleses - No Instituto Tomie Ohtake estará a outra parte da exposição: a mostra de vídeos realizados por Mona Hatoum, Mark Wallinger, Tracey Emin, Douglas Gordon, Sam Taylor-Wood, Lucy Gunning e Gilian Wearing, selecionados pelas curadoras da Tate, Catherine Kinley e Joanne Bernstein. Só a obra de Mona Hatoum, So Much I Want to Say, é da década de 80. A artista, filha de palestinos exilados na Inglaterra, também está presente na exposição na Oca e seu vídeo traz uma seqüência de imagens com o rosto da artista coberto por duas mãos de um homem. A boca tapada a impede de falar. Como Mona já disse, ela se sente "forasteira", uma excluída do terceiro mundo. Os outros vídeos são os realizados na década de 90 por artistas da chamada geração Young British Artists. Gillian Wearing está representada pelo vídeo Sacha and Mum, a primeira obra em que ela usa roteiro e atores. No caso desse trabalho, duas atrizes representam um estranho relacionamento entre mãe e filha, que alterna ternura e violência. Outro destaque é o vídeo de Mark Wallinger, intitulado Angel, em que o próprio artista, caracterizado como cego - num papel de Blind Faith (fé cega) - anda no começo de uma escada rolante sem sair do lugar recitando versículos do Evangelho de João. Art Revolution: A Bigger Splash - Arte Britânica da Tate de 1960 - 2003. De terça a sexta, das 9 às 21 horas; sábado e domingo, das 10 às 21 horas. R$ 3,50 e R$ 7,00 (menores de 5 e maiores de 65, aposentados e deficientes físicos, não pagam). Agendamento para escolas pelo 3253-7007. Parque do Ibirapuera - Oca. Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n.º, tel. 5549-0449. Até 26/10. Vídeos Tate Gallery. De 3.ª a domingo, das 11 às 20 horas. Instituto Tomie Ohtake. Av. Faria Lima, 201, tel. 6844-1900. Até 21/9. Abertura na terça, às 19h30

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