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USP transforma casarão histórico em centro cultural

Após restauro, a Casa da Dona Yayá, na Bela Vista, é reaberta hoje para abrigar a nova sede do Centro de Preservação Cultural

Por Agencia Estado
Atualização:

Muita gente se pergunta o que há no casarão, quase escondido, em cima daquele paredão na esquina das Ruas Jaceguai e Major Diogo, na Bela Vista. É uma casa antiga, com uma densa história. A Casa da Dona Yayá ficou muitos anos abandonada. Agora, restaurada, vira centro cultural. Não, não é mais um centro cultural qualquer numa cidade cheia deles. É a nova sede do Centro de Preservação Cultural (CPC) da Universidade de São Paulo (USP), que funcionava no prédio da reitoria na Cidade Universitária. A abertura oficial será hoje, com um ciclo de palestras a partir das 19 horas. A diretora do CPC, Ana Lana, destaca a importância desse imóvel, cujo restauro foi bancado pela universidade. "É uma restauração conservativa, com o mínimo de intervenção, pois é um bem tombado." O imóvel começou a ser construído em 1870, inicialmente como um chalé de tijolo. Em 1902, ganhou as linhas atuais. O frontão tem a data marcada, hábito bem prático, perdido nos dias de hoje. Nos anos 50, a casa ganhou um "narigão" - uma construção em pedra, que forma um jardim suspenso ligado apenas à casa e distoa completamente do seu estilo. Esse jardim foi o "cativeiro" de Yayá, ou Sebastiana de Mello Freire, que em menos de quatro anos perdeu duas irmãs e os pais, Manuel e Josefina de Mello Freire. Órfã aos 12 anos, ela e o irmão, Manuel de Almeida Mello Freire Júnior, de 17, passaram a ser criados pelo senador Albuquerque Lins, amigo da família. O irmão morreu poucos anos depois, durante uma viagem à Europa, na companhia de Yayá. Sozinha, ela voltou a São Paulo e se tornou figura polêmica na sociedade. Uns diziam que era avançada demais para a época. Outros, que era recatada - apenas ligada às artes. O fato é que, após outra viagem à Europa, ela começou a dar sinais de desequilíbrio emocional. Internada durante algum tempo, ela voltou à casa da família na Major Diogo em 1918. Lá viveu até sua morte, em 1961, aos 74 anos. E desde os anos 50, passava a maior parte do tempo confinada no "narigão". Em A Casa de Dona Yayá (Edusp), a historiadora Marly Rodrigues conta sua trajetória. Yayá não deixou herdeiros. Em 1969, a Justiça decidiu entregar os bens de Yayá à USP. Em 1982, o imóvel foi tombado. Com apoio da Associação de Moradores do Bexiga, a USP iniciou no ano passado a restauração da casa. A idéia, diz Ana, é justamente organizar atividades culturais para o público.

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