Uma visita crua e pedagógica, oito anos depois

Ferros retorcidos pela temperatura sinalizam o quanto é necessário exercitar a tolerância

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Por Pablo Pereira
Atualização:

Uma visita ao Museu de 11 de Setembro, em Nova York, é programa obrigatório para quem vai à cidade. Mesmo oito anos após a tragédia, o horror causado pela ação enlouquecida do terrorismo está espalhado pelo memorial dedicado às cerca de 3 mil vítimas do ataque ao World Trade Center, chocando espectadores e provocando uma sensação de arrepiar.

 

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Observando os dramas das pessoas, largamente exposto em fotos, vídeos e sons de transmissões de rádio de comunicação das equipes de resgates, de celulares e TV, gravados no fatídico 11 de Setembro de  2001, é possível ver parte do tamanho da estupidez humana, ali concretizada pela ação da Al-Qaeda e seus aviões-bomba. São impressionantes os relatos ouvidos na galeria sobre aquela distante trágica manhã  que destruiu milhares de pessoas - sejam as que morreram durante o  ataque, sejam suas famílias, amigos ou colegas.

 

Na segunda sala da exposição, na qual estão as listas de mortos dos quatro aviões jogados por suicidas, o visitante encontra um alento proporcionado pela organização do Memorial: caixas de lenços de papel para quem não consegue engolir seco diante de tal brutalidade. Mas há ainda mais: no andar inferior pode-se ouvir histórias de vida das vítimas, de sobreviventes, de testemunhas, rever cartas emocionadas de parentes, amigos e – não raro – voltar a chorar diante da impotência.

 

Ao final de cerca de uma hora de visita, subindo as escadas do estreito corredor que devolve o visitante à rua, não há como ignorar que ali se passou por um monumento à irracionalidade. E um imenso vazio, muito maior do que aquele aberto para a reconstrução das torres gêmeas, lá fora, surge silencioso diante de cada um: na consciência da enorme vulnerabilidade de um povo que viveu no andar de baixo de governos intolerantes, equivocados, e de seus inimigos sanguinários.

 

Alguns ferros retorcidos pela temperatura altíssima, que consumiu e pulverizou o que havia nos prédios que os aviões não conseguiram derrubar por impacto, sinalizam o quanto é necessário exercitar a tolerância.

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O jornalista Pablo Pereira visitou o Memorial em julho.

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