Uma mostra para rever o gênero

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Por Luiz Zanin Oricchio
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A mostra do CCBB Faroeste Spaghetti - O Bangue-Bangue à Italiana traz 20 filmes selecionados dentre as centenas que este subgênero produziu nos anos 60 e começo dos 70, quando faziam sucesso no mundo todo. Há um eixo em torno do qual a mostra se constrói, e este atende pelo nome de Sergio Leone, o inventor da coisa. Além dos três filmes lançados em DVD, com Clint Eastwood, Leone está presente com mais dois títulos na mostra - Era Uma Vez no Oeste (1968) e o já tardio Quando Explode a Vingança (1971). Não há como fugir de Leone quando o assunto é o bangue-bangue à italiana. No entanto, o ciclo tem a virtude de relembrar (ou informar aos que não viveram a época) que muitos outros diretores se aventuraram na trilha aberta por Leone. Por esse motivo, há títulos que permaneceram no imaginário popular, como Django, de Sergio Corbucci, Eles me Chamam Trinity, de Enzo Barboni, Meu Nome É Ninguém, de Tonino Vallerii, Sartana, de Gianfranco Parolini, entre outros.Mito. A releitura do mito formador americano, proposta por Leone, abriu um veio comercial notável para o cinema europeu, italiano em particular. Não houve unanimidade. O público adorou e parte da crítica detestou. Os fãs de John Ford deram o título pejorativo de faroeste spaghetti à produção. Como ela já trabalhava no registro da paródia, assumiu alegremente o nome criado para depreciá-la e passou a usá-lo como marketing positivo. O fato é que a ficha técnica dos filmes reunia gente que trabalhava com os melhores autores da época. Por razões de mercado, ou para acentuar a paródia, muitos deles entravam na ficha debaixo de pseudônimos anglo-saxões. Gian Maria Volonté assina como Johnny Wels. Giuliano Gemma era Montgomery Wood. E a música (genial) de Por Um Punhado de Dólares vem creditada a um certo Dan Savio. Mas, se quiser, pode chamá-lo de Ennio Morricone.

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