
08 de maio de 2012 | 03h07
Os críticos não se cansam de dizer que o excesso de música pode banalizar a imagem. Acrescentam que trilha boa é aquela serve à imagem, compondo a simetria audiovisual indissociável. Mas se as trilhas não tivessem valor em si, não pudessem ser ouvidas independentemente dos filmes, não existiriam tantos CDs de colecionadores. Às vezes, você precisa dissociar a música da imagem - da cena - para apreciar melhor seu valor. E existem os casos de cineastas, o francês François Truffaut, que se apropriaram de trilhas compostas para outros filmes. Músicas de Maurice Jaubert para Jean Vigo foram usadas por ele em novas composições de imagem e som em O Quarto Verde, por exemplo.
A nouvelle vague, da qual Truffaut foi um dos arautos, foi pródiga em incorporar compositores clássico e as Quatro Estações, de Vivaldi, embalaram incontáveis tramas da época. No Brasil, Glauber Rocha seguiu o exemplo e misturou as Bachianas de Villa Lobos à trilha de Sérgio Ricardo para o seu Deus e o Diabo na Terra do Sol. De volta a Alexandre Guerra, o filme de Mara Mourão, Quem se Importa?, sobre empreendedores sociais, já criou uma espécie de culto. A autora busca os exemplos de pessoas que fazem a diferença com seus projetos humanitários. O filme é melhor com a trilha de Guerra.
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