
10 de dezembro de 2010 | 00h00
Tão importante quanto o estilo - esse "soltar-se" - é o olhar de Belmonte sobre a classe média brasileira, que você pode confirmar na retrospectiva de sua obra, no Belas Artes, acompanhando o lançamento de Meu Mundo em Perigo. Na fase de Brasília, ele mostrou em Subterrâneos um sindicalista que larga tudo para escrever um livro sobre a fauna humana que habita famoso centro comercial brasiliense. Em A Concepção, filhos de diplomatas aderem a movimento libertário (mas será mesmo?) criado pelo estranho que se estabelece em seu apartamento.
Em Meu Mundo em Perigo, já fora de Brasília, o protagonista teme quando a ex-mulher drogada pede a guarda do filho. Em Se Nada Mais Der Certo, um jornalista falido liga-se a taxista sem táxi e a tipo sexualmente ambíguo que frequenta as bocas da cidade grande. São sempre personagens à deriva, desgarrados, e que tentam se agrupar. Nem sempre conseguem. Quando garoto, Belmonte adorava Oscarito e Grande Otelo. No próximo filme, Billi Pig, com Selton Mello e Grazi Massafera, ele quer fazer um experimento de cinema popular, sem mudar as preocupações. Pequenos trambiqueiros, sempre. O centro decadente das cidades. Um autor visceral.
MEU MUNDO EM PERIGO
Direção: José Eduardo Belmonte. Gênero: Drama (Brasil/2007, 92 min.). Censura: 14 anos.
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