Um museu como mirante

IMS apresenta novo projeto que deve revitalizar ambientes para as artes na Paulista

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Por Jotabê Medeiros
Atualização:

A oferta cultural da financista Avenida Paulista deve melhorar consideravelmente em breve. Suprida por espaços esparsos (como o Centro Cultural da Fiesp, o complexo Reserva Cultural da Gazeta, o Itaú Cultural, o Masp e a Casa das Rosas), o maior centro capitalista do País deve receber agora os 1,2 mil m² do novo museu do Instituto Moreira Salles (IMS), entre as ruas Bela Cintra e Consolação.O projeto, resultado de um concurso aberto em setembro, foi apresentado nesta segunda-feira pelo IMS. O vencedor é o escritório Andrade Morettin Arquitetos, que bateu cinco entre os melhores escritórios do País: Bernardes Jacobsen Arquitetura, SPBR Arquitetos, Una Arquitetos, Studio MK 27 (de Marcio Kogan) e Arquitetos Associados.Serão três andares com cinema e auditório para 200 pessoas, uma biblioteca de fotografia, salas de aula para cursos, cafeteria, loja e administração. O edifício será acessível diretamente a partir da calçada da Paulista, já que haverá uma espécie de praça sob o edifício, um vão livre, aberto ao público. A construção, de aço e com fachada de vidro (uma "pele" dupla, que inclui u-glass, um vidro industrial) se inicia a 15 metros de altura do térreo. "Remete um pouco ao metrô, àquela coisa veloz. O visitante entra e de repente é lançado no edifício, quando vê já está dentro", diz o arquiteto Marcelo Morettin.Morettin e seu sócio, Vinicius Andrade, buscaram valorizar, com seu projeto vencedor, a interface do prédio com o ambiente urbano. O arquiteto Vinicius Andrade considera que o edifício é também uma reação ao discurso de que o solo da Avenida Paulista só pode se valorizar enquanto mercadoria - discurso exacerbado recentemente pelo fechamento do Cine Belas Artes, um xodó da cidade."(O museu) é um mirante, mas ao mesmo tempo é um espaço urbano", diz Andrade. Os dois fundaram o escritório há 14 anos e, entre seus feitos, contam-se um centro cultural da Petrobrás em Itaboraí, o Instituto de Pesquisa HPV e o Edifício Comercial Box 298 (São Paulo), além de projetos temporários em instituições americanas, como o Bronx Museum, em Nova York, e o Museum of Contemporary Art, de Chicago.São influenciados pela escola paulista de arquitetura, mas também admitem um leque amplo de referências, como Rem Koolhaas, Herzog & De Meuron e dos franceses Lacaton & Vassal, cujo entendimento da arquitetura consiste em evidenciar a montagem e as estruturas como parte da ação estética. O Museu do IMS na Paulista também se vale dessa estratégia, embora não seja transparente. "Não é imagético, não é um edifício que alguém veja e diga: ah, que bonitinho. É muito mais do que isso", diz Morettin."É muito mais contemporâneo que moderno. O moderno é às vezes intransigente."A escolha da Andrade Morettin foi de responsabilidade de um júri que tinha personalidades da arquitetura, como Karen Stein, do MoMA (e jurada do prêmio Pritzker); Ricardo Koshalek, do Hirshhorn Museum; e Jean-Louis Cohen, do Institut Français d'Architecture, entre outros.Até então, o IMS mantinha em São Paulo apenas a galeria da Rua Piauí, em Higienópolis, aberta em 1996, que a instituição considera de espaço insuficiente para abrigar mostras grandes.

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